Confira mensagem do Pontifício Conselho para Migrantes e Itinerantes do Vaticano sobre o Dia Mundial do Turismo

turismoHoje, dia 27 de setembro, é o Dia Mundial do Turismo, promovido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), que escolheu como tema “Turismo para todos: promover a acessibilidade universal”. A Arquidiocese de Salvador conta com a Pastoral do Turismo, coordenada pelo padre Manoel Filho, que desenvolve inúmeros trabalhos nesta área.

Para marcar a data, o Pontifício Conselho para Migrantes e Itinerantes do Vaticano enviou uma mensagem. Confira:

“Turismo para todos: promover a acessibilidade universal”

1. “Turismo para todos: promover a acessibilidade universal” é o tema que a Organização Mundial do Turismo (OMT) escolheu para o Dia Mundial do Turismo que será celebrado, como de costume, no dia 27 de setembro. A Santa Sé aderiu a esta iniciativa desde a sua primeira edição, consciente da grande importância deste setor, assim como dos desafios que coloca e das oportunidades que oferece para a evangelização.
Nas últimas décadas, aumentou notavelmente o número de pessoas que podem gozar de um tempo de férias. Segundo o último Barômetro da Organização Mundial do Turismo, referido a 2015, monta a 1.184.000.000 o número de chegadas turísticas internacionais que, segundo as previsões, alcançará a meta de dois bilhões em 2030. A estas cifras, é necessário acrescentar aquelas ainda mais elevadas do turismo local.

2. Com o aumento numérico, cresceu também a consciência da influência positiva exercida pelo turismo em muitos âmbitos da vida, com as suas numerosas virtudes e potencialidades. Sem ignorar alguns dos seus elementos ambíguos ou negativos, estamos convictos de que o turismo humanize porque é ocasião para o repouso, oportunidade para o conhecimento recíproco de povos e culturas, instrumento de desenvolvimento econômico, promotor de paz e de diálogo, possibilidade para a educação e para o crescimento pessoal, momento para o encontro com a natureza e âmbito para o crescimento espiritual, para citar algumas das suas características positivas.

3. Com base nesta avaliação positiva e estando conscientes de que o turismo em particular, e o tempo livre em geral, é uma “exigência da natureza humana, que manifesta em si mesmo um valor irrenunciável”,1 devemos concluir, amparados pelo Magistério eclesial,2 que o turismo não é só uma oportunidade, mas deve ser um direito de todos e não pode ser limitado a determinadas faixas sociais ou a algumas zonas geográficas precisas. Também a Organização Mundial do Turismo afirma que o turismo “constitui um direito aberto do mesmo modo a todos os habitantes do mundo […], e nenhum obstáculo deve ser interposto no seu caminho”.3 
É possível, portanto, falar de um “direito ao turismo”, que é certamente concretização do direito “ao repouso e ao lazer, compreendendo nisto uma razoável limitação das horas de trabalho e férias periódicas retribuídas”, reconhecido pelo artigo 24 da Declaração universal dos direitos humanos, adotada em 1948.

4. Mas a constatação da realidade demonstra que não está ao alcance de todos e são ainda muitas as pessoas que continuam a ser excluídas desse direito.
Em primeiro lugar, em muitos Países em vias de desenvolvimento, onde não são garantidas as necessidades fundamentais, este direito parece uma frivolidade, embora esta atividade se esteja a apresentar também como um recurso na luta contra a pobreza. Mas também nos países economicamente mais desenvolvidos encontramos importantes faixas da sociedade que não têm fácil acesso ao turismo.
Por isto, em nível internacional, se está a promover o chamado “turismo para todos”, que pode ser usufruído por qualquer um e que integra os conceitos de “turismo acessível”, “turismo sustentável” e “turismo social”.

5. Por “turismo acessível”, compreende-se o esforço por garantir que as destinações e os serviços turísticos sejam acessíveis a todos, independentemente do perfil cultural, dos limites permanentes ou temporários (físicos, mentais ou sensoriais) ou das necessidades particulares , como as que requerem, por exemplo, as crianças e os anciãos.

6. O conceito de “turismo sustentável” inclui o compromisso por obter que esta atividade humana seja a mais respeitosa possível da diversidade cultural e ambiental do lugar que acolhe, levando em consideração as repercussões presentes e futuras. A encíclica Laudato si, do Papa Francisco, pode ser de grande ajuda na boa gestão da criação que Deus confiou ao ser humano.4

7. O “turismo social”, por sua vez, pretende que não sejam excluídos aqueles que têm uma cultura diferente, menos recursos econômicos ou que vivem em regiões mais desfavorecidas. Entre os grupos destinatários das intervenções deste setor encontram-se os jovens, as famílias numerosas, as pessoas com desabilidade e os anciãos, como nos lembra o Código Mundial de Ética do Turismo.5

8. Portanto, é necessário promover um “turismo para todos” que seja ético e sustentável, no qual se garanta uma acessibilidade real física, econômica e social, evitando toda espécie de discriminação. Realizar uma proposta desse tipo só será possível se se puder contar com o esforço de todos, políticos, empresários, consumidores, assim como com o das associações engajadas neste âmbito.
A Igreja avalia positivamente os esforços que se estão a realizar a favor de um “turismo para todos”, iniciativas “que colocam realmente o turismo a serviço da realização da pessoa e do desenvolvimento social”.6 Desde há tempo está também a oferecer a sua contribuição quer com a sua reflexão teórica, quer com inúmeras iniciativas concretas, muitas das quais foram pioneiras, realizadas com recursos limitados, muita dedicação e obtiveram bons resultados.

Que o compromisso eclesial a favor de um “turismo para todos” seja vivido e compreendido como “testemunho da predileção especial de Deus pelos mais humildes”.7

Cidade do Vaticano, 24 de junho de 2016.

 

Antonio Maria Card. Vegliò
Presidente

+ Joseph Kalathiparambil
Secretário