O conteúdo do documento é inspirado na mística de José do Egito que teve a experiência de ser estrangeiro e tem como base 4 eixos: espiritualidade, humano/afetivo, cultural e jurídico. A espiritualidade é de onde brota o desejo de acompanhar e cuidar desse estudante estrangeiro. Humano/afetivo busca estreitar laços e apresentar comunidades que possam servir de referências afetivas ao estudante estrangeiro durante o seu período de estudo no Brasil. O eixo cultural, por sua vez, vai ajudar o estudante a se adaptar a língua portuguesa, apresentando a cultura brasileira e, principalmente, a cultura local. E o jurídico visa amparar o estudante nos diálogos com consulados, embaixadas para resolver problemas de visto, por exemplo.
“Nós estamos num processo de amadurecimento desse guia para que ele possa servir a outras realidades do país e além disso, num processo de tradução para o Espanhol e o Inglês”, explica o assessor do setor Universidades da CNBB, padre Danilo Pinto dos Santos. O material traduzido vai atender as conferencias Episcopais dos países membros do Cone Sul, na Amarica Latina.
O arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva, as Instituições de Ensino Superior no Brasil vivem um momento especial com a internacionalização. “O ensino superior no Brasil tem vivido um processo de internacionalização, por meio de intercâmbios, políticas públicas e do caráter universal das linhas de pesquisa. No cenário da Igreja, o papa Francisco tem dispensado atenção especial aos refugiados e migrantes. Neste sentido, os Serviços de Acolhida aos Estudantes Estrangeiros que tem surgido, através das Pastorais Universitárias no Brasil, são uma resposta a essa tendência do ensino superior e apelo do papa Francisco”, contextualizou dom Justino.
A pesquisa Selo Belta mostra também que a maior parte dos estudantes vêm de países como Estados Unidos e Alemanha e permanecem no Brasil de três meses a um ano. Segundo padre Danilo, o ano da misericórdia, que se encerrou em novembro de 2016, motivou por meio do papa Francisco a vivência de obras de misericórdia. E uma delas é o cuidado com o estrangeiro, principalmente, quem vive no ambiente universitário. “Por isso, a necessidade de se pensar em um modo pastoral de acompanhar os estudantes estrangeiros que vivem no Brasil”, diz o padre.
Ainda em 2017, representantes deste serviço dos países do Cone Sul vão se reunir em Buenos Aires, na Argentina, para tratar desse tema. O encontro será coordenado por dom João Justino de Medeiros Silva, que é arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e referencial para a Pastoral Universitária no Cone Sul.