Cardeal Dom Sergio da Rocha presidiu Missa pelos 306 anos da morte da Serva de Deus Vitória da Encarnação

O Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, presidiu, na manhã de hoje (19), a Santa Missa em memória dos 306 anos da morte da Serva de Deus Vitória da Encarnação, religiosa soteropolitana cuja fama de santidade tem se espalhado. A Celebração Eucarística aconteceu na capela do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, e foi concelebrada pelo Arcebispo da Arquidiocese de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino de Castro; pelo postulador da Causa dos Santos, frei Jociel Gomes, OFMCap.; e por padres da Arquidiocese de Salvador.

A vida da religiosa e o amor que ela dedicou aos mais pobres foram destacados por Dom Sergio. “Esta Serva de Deus aqui viveu dando exemplo de santidade, primeiramente na oração, depois no testemunho de caridade, mas, sobretudo, tinha o olhar voltado para os mais necessitados. Enquanto Santa Dulce saía pelas ruas para cuidar dos pobres, a nossa madre Vitória da Encarnação, sendo religiosa contemplativa, praticava a caridade a partir do próprio Convento do Desterro. Ela é um exemplo, também, de simplicidade de vida, de despojamento. Conta-se na sua história que ela renunciou até mesmo a cama que tinha para oferecer a quem mais precisava”, afirmou.

O túmulo da Serva de Deus Vitória da Encarnação pode ser visitado no Convento do Desterro

Nascida em Salvador no dia 6 de março de 1661, Vitória Bixarxe Nabo Correia era filha do capitão de Infantaria, Bartolomeu Nabo Correia e de Luísa Bixarxe. Admitida, aos 25 anos, na clausura das monjas clarissas – primeiro convento feminino do Brasil, fundado em 1677 – viveu de modo profundo e marcante as virtudes da pobreza, humildade, amor a Deus e ao próximo. “Ela tinha um olhar de caridade voltado para os mais pobres e mais sofridos daquele tempo, especialmente os que padeciam com a escravidão. Então, nós celebramos, hoje, esta Missa para expressar ação de graças a Deus por ela, que teve uma vida de santidade, mas também para marcar a sequência que nós estamos dando nesse processo de beatificação, que iniciou com Dom Murilo”, disse o Cardeal.

De acordo com o frei Jociel Gomes, os trabalhos das comissões que acompanham a Causa da Beatificação e Canonização da Serva de Deus, cujo início foi em 2019, precisaram ser interrompidos devido à pandemia, mas já estão sendo retomados. “A Comissão histórica já vai começar a atuar, visitando o arquivo do mosteiro e outros arquivos para levantar a documentação e poder fornecer o que é necessário para ser anexado ao processo. Nós, também, já temos um lista com pessoas que conhecem a vida da Serva de Deus, que estudaram sobre ela e que poderão dar testemunhos acerca das práticas virtuosas. Então, quando essa documentação estiver pronta, nós teremos a sessão de encerramento e ela será remetida à Congregação da Causa dos Santos, em Roma”, explicou o postulador.

Após a bênção final, o Cardeal e os fiéis que estavam presentes na Missa se dirigiram até o túmulo onde estão os restos mortais da religiosa. “Lembro aqui que existe uma oração para pedir graças de Deus por intercessão dela; e se alguém receber alguma graça, está indicado na oração para comunicar ao mosteiro das clarissas, que está em Feira de Santana, esta graça alcançada, que poderá servir para concluir o processo de beatificação”, afirmou Dom Sergio.

A Serva de Deus Vitória da Encarnação tinha um especial amor à Paixão de Jesus Cristo, introduzindo na capital baiana a devoção ao Senhor Bom Jesus dos Passos. Aos 54 anos, em 19 de julho de 1715, madre Vitória morreu em uma das celas do Convento do Desterro. “A minha devoção se dá pela admiração pessoal que eu tenho aos santos que são místicos e que dedicaram cuidados ao próximo, com obras de caridade. Eu percebo que esta religiosa é este exemplo que ficou, por determinado tempo, um pouco esquecido, e que a gente deseja, agora, mostrar para as pessoas, não só por uma questão de um resgate histórico, mas em relação à própria história do cristianismo no Brasil. Então, a madre Vitória tem muito a nos ensinar hoje, seja pela sua virtude da fé, da caridade, da esperança, quanto pela sua própria prática orante; e nós esperamos que um dia ela possa ser reconhecida como beata, pela nossa Igreja, e quiçá ser chamada santa, sendo a segunda legitimamente baiana”, disse o devoto e voluntário na Causa de Beatificação, Thiago Felipe Lima da Mata.

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