Tenha um encontro com os santos em Salvador

O Anjo Bom da Bahia viveu quase 78 anos e mostrou ao mundo, através dos seus gestos, o que é o amor ao próximo - Foto: arquivo OSID

O povo baiano carrega a marca da fé. Gente que expressa o amor e a confiança em Deus e espalha sua religiosidade por onde passa. Salvador é conhecida por ter uma igreja para cada dia do ano. No entanto, esse número é maior: são 372 templos que abrigam comunidades fervorosas.

As sementes do Evangelho, plantadas ao longo dos mais de quatro séculos de evangelização, nestas terras, já produziram muitos frutos. Vários santos passaram por Salvador marcaram a vida do povo. Conheça um pouco da história de cada um e a relação deles com a Arquidiocese.

As Beatas

Uma soteropolitana e uma potiguar. Mulheres que doaram a vida por amor a Jesus e ao seu Reino. As Bem-Aventuradas Lindalva Justo de Oliveira e Dulce dos Pobres têm em comum a vocação à Vida Consagrada e souberam, cada uma a seu modo, alcançar a plenitude das virtudes evangélicas.

A beatificação de Irmã Lindalva ocorreu no dia 2 de dezembro de 2008, em Salvador.

Irmã Lindalva nasceu na cidade de Assu, Rio Grande do Norte, e ingressou na Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula em 1988. Após a profissão dos votos temporários, foi transferida para Salvador em 1991 e passou a cuidar dos idosos no abrigo Dom Pedro II. Uma jovem alegre, dedicada à vida de oração e à missão que lhe foi confiada. Em 1993, na Sexta-feira Santa, enquanto se preparava para servir o café da manhã, a jovem foi brutalmente assassinada por Augusto Peixoto, um dos internos do abrigo, por não ter correspondido ao amor que ele dizia sentir por ela. A beatificação da religiosa ocorreu no dia 2 de dezembro de 2008, em Salvador.

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador no ano de 1914. Conhecida como Irmã Dulce, a freira baiana ganhou a honra dos altares em 2011, quando foi beatificada no dia 22 de maio, em Salvador. O Anjo Bom da Bahia viveu quase 78 anos e mostrou ao mundo, através dos seus gestos, o que é o amor ao próximo. Ao ingressar na Vida Religiosa, através da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em 1933, a jovem pode se dedicar integralmente a Deus e aos mais necessitados. A Beata ficou conhecida mundialmente pelas ações que desenvolveu junto aos moradores das áreas mais carentes da capital baiana. Morreu no dia 13 de março de 1992, por conta de complicações do seu frágil sistema respiratório. As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), fundadas em 1959, continuam atendendo àqueles que eram os preferidos do Anjo Bom: os mais necessitados.

Os visitantes ilustres

A cidade do Salvador, vocacionada a dar testemunho da fé, gerou muitos homens e mulheres que vivem a santidade cotidianamente. Mas, nestas terras também chegaram outros tantos santos, a exemplo de São João Paulo II e a Beata Madre Tereza de Calcutá.

São João Paulo II esteve à frente da Igreja durante 27 anos (1978-2005) e o pontificado foi marcado por sua dedicação à questão da paz mundial. Canonizado recentemente, o santo esteve em Salvador por duas vezes. A primeira visita, no ano de 1980, foi marcada pela inauguração da igreja de Nossa Senhora dos Alagados. Antes de realizar a visita ao Brasil ele pediu a Dom Avelar Brandão Vilela que escolhesse um bairro para que pudesse visitar. Conhecendo a difícil realidade dos moradores da região do Uruguai, o Arcebispo escolheu o bairro dos Alagados para acolher o Papa.

Na segunda visita ao Brasil, em 1991, João Paulo II fez questão de visitar a Beata Dulce dos Pobres, em seu leito de enferma, no Convento Santo Antônio. Um legado dessa visita é o Centro Educacional Artesão da Paz (Mata Escura) que foi construído graças a doação de 180 mil dólares referentes a um prêmio que o Pontífice ganhou.

Em 1979, Madre Teresa de Calcutá esteve em Salvador e criou a Creche das Irmãs Missionárias da Caridade - Foto: acervo Missionárias da Caridade

Em preparação à sua vinda, João Paulo II pediu a Beata Madre Teresa de Calcutá para visitar o bairro de Alagados e iniciar um trabalho de assistência aos mais necessitados. Em 1979, ela esteve em Salvador e criou a Creche das Irmãs Missionárias da Caridade. Madre Teresa retornou ao Brasil em 1981 e 1982. Em sua última passagem, visitou Salvador novamente. Ao longo de sua trajetória a freira buscou atender aos que se encontravam nas condições mais precárias. O trabalho que desenvolveu em Calcutá, na Índia, ficou conhecido por todo o mundo e sua obra se espalhou por muitos lugares. Madre Teresa morreu no dia 5 de setembro de 1997 e foi beatificada no ano de 2003.

Os santos precursores

O primeiro santo nascido no Brasil foi canonizado em 11 de maio de 2007. Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, nasceu em Guaratinguetá  em 1739. Aos 13 anos foi enviado para o Colégio de Belém, localizado na cidade de Cachoeira, Recôncavo Baiano. Estudou ali entre os anos de 1752 e 1756. Ao retornar a São Paulo entrou na Ordem Franciscana e contribuiu efetivamente na missão, especialmente no sudeste brasileiro. Morreu em 1822.

O Santuário de Frei Galvão está localizado em Belém de Cachoeira - Foto: Sara Gomes

A evangelização em terras brasileiras contou com o trabalho dedicado dos missionários que vieram, inicialmente, de Portugal e da Espanha. A Companhia de Jesus, uma das primeiras congregações a chegar ao Brasil, acompanhou os portugueses na fundação da cidade de Salvador. Vários santos jesuítas passaram pela primeira capital do país e deixaram um legado de fé para os baianos.

O Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta, foi canonizado no dia 3 de abril, após um processo que durou quase 400 anos. O missionário jesuíta nasceu no dia 19 de março de 1534, nas Ilhas Canárias. Ingressou na Companhia de Jesus no ano de 1551 e foi enviado ao Brasil em 1553. Ao desembarcar no país, Anchieta passou três meses em Salvador. Em 1566 retornou a capital baiana para informar ao governador Mem de Sá o andamento da guerra contra os franceses. Por esta época foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade. Em 1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, que tinha como sede a capital baiana. Morreu no dia 9 de junho de 1597, na cidade de Reritiba, Espírito Santo.

Visitaram Salvador outros beatos martirizados na Índia, China e Japão entre os séculos XVII e XVIII. Passavam por aqui para lavar as velas dos navios, recolher alimentos e água potável, dentre eles estiveram São João de Brito, beato André de Soveral, beato Inácio de Azevedo e os beatos conhecidos como mártires do Paraguai, Afonso Rodrigues e João de Castilho.

Texto publicado no jornal São Salvador.