Fiéis homenageiam Jesus Cristo pelas ruas de Salvador

 Na praça do Campo Grande, os fiéis receberam a bênção com o Santíssimo Sacramento
a praça do Campo Grande, os fiéis receberam a bênção com o Santíssimo Sacramento

Na Quinta-Feira Santa, Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia e, ao repartir o pão e o vinho entre os discípulos, disse-lhes: “Fazei isto em memória de mim”. A perpetuação deste gesto nas Celebrações Eucarísticas em todo o mundo mantém viva a Santa Ceia e o seu propósito de colocar aqueles que têm fé em Comunhão. Por isto, após a Páscoa, os fiéis celebram a presença do Filho de Deus na Eucaristia, sempre em uma quinta-feira, na Festa de Corpus Christi. Na Arquidiocese de Salvador, os fieis participaram da Missa Campal, presidida pelo arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, em frente à Igreja de São Pedro dos Clérigos (Terreiro de Jesus).

Durante os Ritos Iniciais, Dom Murilo lembrou que desde que Salvador foi fundada, em 1549, realiza-se a na Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Na Homilia, pontuou o momento em que Paulo escreve aos Coríntios ao perceber o hábito dos fiéis de participar de um banquete antes da Eucaristia, o que segregava pobres, à míngua, e ricos, em abundância. “Paulo ficou indignado, porque a Eucaristia é o Sacramento que nos une, porque quando eu recebo o Senhor, me torno um pouco mais semelhante a Ele, e o mesmo acontece com meus irmãos e irmãs, portanto, na Eucaristia, nos tornamos mais semelhantes uns aos outros”, explicou.

Fé e perseverança

As Irmandades também participaram da Solenidade de Corpus Christi no Centro Histórico
As Irmandades também participaram da Solenidade de Corpus Christi no Centro Histórico

A unidade em torno do Santíssimo Sacramento pôde ser vivida e vista por quem passou pelo Centro Histórico, de onde saiu a procissão em direção ao Campo Grande, cruzando as ruas do centro da cidade. Integrantes de congregações religiosas e movimentos, idosos, jovens, padres e leigos. Todos seguiam reverenciando Jesus Eucarístico, sob o céu que oscilava entre o azul e o encoberto de nuvens carregadas, mas que não trouxeram chuva em momento algum. A instabilidade do tempo, entretanto, impediu parte dos fieis de participarem da Solenidade. Como disse Dom Murilo, “os nossos irmãos idosos ou adoentados que não puderam estar entre nós, rezam junto conosco de onde estiverem”, disse.

Há seis anos, Marina de Oliveira (Paróquia Nossa Senhora da Piedade) fazia parte desse grupo de pessoas impossibilitadas de caminhar louvando o Senhor na Festa de Corpus Christi. Ela sofrera um acidente de trânsito que a deixou por seis meses na cadeira de rodas e outros cinco anos com limitações decorrentes do atropelamento ocorrido na Piedade. Hoje, transborda saúde e uma fé ainda maior. “Estou aqui por causa da Ressurreição de Cristo e para agradecer pelas graças alcançadas”, diz sorridente.

Unidade

Com fé, os fiéis percorreram o centro da cidade
Com fé, os fiéis percorreram o centro da cidade

Com as mãos erguidas em direção ao Santíssimo Sacramento, Gilberto Figueiredo participou da procissão concentrado. “Para mim, é a renovação de minha fé, é o momento de dizer a Jesus que eu o amo, adoro e entrego a minha vida a Ele”, revelou. Esse desejo comum de expressar publicamente a fé e o amor a Cristo tornavam todos um. Como disse Dom Murilo: “é nossa missão louvar e agradecer a Deus por tudo: pela vida, pelo sol, pela chuva, porque Jesus se oferece por nós cada vez que é celebrada a Santa Missa. Ele oferece ao Pai nossos trabalhos, nossas lutas, nossas preces”, afirmou.

Nesse gesto, lembrou o arcebispo, obedecemos ao próprio Cristo, que nos disse: “Pedi e recebereis”. Seguindo também essa orientação, o próprio celebrante rezou pelos 11 milhões de brasileiros desempregados, pelos problemas que o país enfrenta nas áreas de Saúde e Educação, lembrando que “Jesus é o mar e tudo isso são ondas, portanto, Ele nos ajuda a encontrar forças e descobrir potencialidades nos momentos difíceis, porque Ele nos disse que estará conosco todos os dias até o fim do mundo e caminha ao nosso lado, mesmo quando não percebemos”, observou.

Ao caminhar com Jesus Eucarístico pelas ruas da cidade, renova-se a certeza de Sua presença em nossas vidas.  Por isso, Ângela Rosa, da Comunidade Shalom, emocionou-se ao perceber “Jesus passando e abençoando a cidade, assim, a Igreja se renova, através da unidade de paróquias e movimentos nesta procissão”, comemorou.

Por volta das 11h, o cortejo chegou ao Campo Grande, onde Dom Murilo fez a Bênção Final, lembrando que “a procissão não termina aqui, vamos levar Jesus no coração até as nossas casas, aos vizinhos, a cada pessoa que nos pediu orações”, recomendou.

Corpo e Sangue de Cristo

Originada no ano de 1243, em Liège, na Bélgica, quando a freira Juliana de Cornion teve visões de Cristo pedindo-lhe que a Eucaristia fosse celebrada com destaque, a Solenidade de Corpus Christi teve início somente no ano de 1264, por meio da bula Transiturus de hoc mundo, instituída pelo Papa Urbano IV. No ano de 1269, a solenidade foi oficialmente decretada. “Nós, da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, temos um compromisso especial com Jesus Eucarístico: esta foi a primeira cidade do Brasil a organizar e promover a solenidade de Corpus Christi. Aqui aconteceu, pela primeira vez em nosso país, a já tradicional procissão ligada a essa solenidade. Nossa cidade foi o altar onde Jesus, pela primeira vez, foi adorado solenemente!”, afirma Dom Murilo.

No Brasil, a primeira manifestação pública de louvores à Eucaristia aconteceu na cidade de Salvador, no ano de 1549. De acordo com o calendário litúrgico, a Solenidade de Corpus Christi acontece sempre na quinta-feira seguinte à festa da Santíssima Trindade. Contudo, é importante lembrar que o dia de comemoração do Sacramento da Eucaristia é a Quinta-feira Santa, dia em que foi instituída, enquanto que a festa de Corpus Christi se constitui como uma reduplicação da mesma.

Texto: Luana Assiz

Fotos: Sara Gomes