Pe. Rosalvo Humildes Júnior[1]
Antes de apresentar alguma coisa, é necessário que ter, ao menos, o conceito daquilo que será discutido. Aqui não será diferente. Sendo assim, começamos este texto com uma pergunta: o que é Liturgia?
O termo Liturgia provém do grego clássico. A palavra grega leitourghía deriva da composição laós (=povo) e ergon (=obra). Traduzindo literalmente leitourghía significa “serviço prestado ao povo” ou “serviço diretamente prestado para o bem comum”. O termo liturgia está ligado a reunião, assembleia. O povo se reunia para ouvir os decretos do rei. Servia para designar um serviço totalmente determinado por leis ou usos, pecuniariamente oneroso, em benefício da coletividade, por parte dos cristãos abastados, os quais se tornavam, dessa forma, beneméritos da pátria. Exemplos de liturgia (no seu contexto original): apresentação do coro no teatro grego; o armamento de um navio; o acolhimento de uma tribo nas ocasiões das festas nacionais, etc.
A difusão do termo ocorre dentro do cristianismo. Ela é uma ação legitimamente humana. É inserida em um meio social, sendo pública e destinada em uma assembleia. Sendo pública, é uma ação organizada e expressa a fé (pode ser de forma musical, corporal…). O ato de expressar lembra comunicação, que pode ser definido como processo de emissão, transmissão e recepção de mensagens escritas, faladas, etc., por meios diversos.
Diante destes conceitos, como podemos unir os dois em um só assunto? Para responder a esta questão, devemos nos lembrar das formas de comunicação que praticamos nos nossos atos litúrgicos (vamos nos deter na comunicação corporal). No entanto, é importante relembrar dois pontos básicos a respeito da comunicação:
- A comunicação deve ter o EMISSOR (quem envia a mensagem) – CANAL (a forma como a mensagem é transmitida) – RECEPTOR (quem recebe a informação);
- Basicamente, a comunicação na liturgia contém três elementos: GESTOS, ATITUDES E VOZ.
Quando falamos de comunicação na Liturgia, caímos na tentação de observar, apenas, a comunicação falada (leituras, salmos, cânticos…) e esquecemos dos gestos, que são sinais enriquecedores no rito litúrgico. Vamos, então, a definição de alguns deles:
- SENTADO: Posição que favorece a catequese, boa para ouvir as leituras, a homilia e meditar. É a atitude de quem fica à vontade e ouve com satisfação, sem pressa de sair;
- DE PÉ: É uma posição de quem houve com atenção e respeito. A Sagrada Escritura diz: “Quando vos puserdes em pé para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas” (Mc 11,25);
- DE JOELHOS: Essa posição é comum diante do Santíssimo e durante a consagração do pão e do vinho. “Ao nome de Jesus, se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra” (Fl 2,10);
- GENUFLEXÃO: É o gesto de adoração a Jesus na eucaristia. Fazemos quando entramos na Igreja e dela saímos, se ali existe o sacrário;
- INCLINAÇÃO: É também adoração, diante do Santíssimo Sacramento. Os fiéis podem inclinar a cabeça para receber a bênção sacerdotal;
- PROCISSÃO: As nossas procissões simbolizam a peregrinação do Povo de Deus para a casa do Pai. Somos uma Igreja “peregrina”.
Observando estes detalhes, não podemos imaginar que estes gestos são, simplesmente, repetições rotineiras. São expressões de fé, demonstrando o respeito e adoração a Deus. O nosso corpo fala e devemos fazê-la da melhor forma possível.
[1] Administrador paroquial da Paróquia S. Lucas Evangelista (Salvador/BA) e assistente eclesiástico da PASCOM da Arquidiocese de Salvador.



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