Cardeal Dom Sergio da Rocha falou sobre o Papa Leão XIV, em coletiva com os outros cardeais brasileiros

Após o Conclave que elegeu o Cardeal Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV, os cardeais brasileiros falaram pela primeira vez com os veículos de comunicação que estão em Roma – inclusive a Rede Excelsior de Comunicação, da Arquidiocese de São Salvador da Bahia -, durante coletiva de imprensa realizada no início da tarde de hoje (12h no Brasil / 17h em Roma).

À mesa estavam o Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Sergio da Rocha; o Arcebispo da Arquidiocese de Brasília, Cardeal Paulo Cézar Costa; o Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer; o Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Jaime Spengler; o Arcebispo da Arquidiocese de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner; o Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta; e o prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, Cardeal João Braz de Aviz

Entre as inúmeras perguntas dos jornalistas, radialistas e demais comunicadores, algumas se referiram à relação estabelecida com o Papa Leão XIV durante a caminhada. “Embora eu tenha convivido com o então cardeal Prevost durante muitos anos, no Dicastério para os Bispos, a minha convivência se restringia praticamente às reuniões. Ele era o Prefeito deste Dicastério que tem reuniões frequentes, e com isso pude conhecê-lo mais de perto, conviver com ele mais de perto e admirá-lo. Não só eu, mas eu creio que os membros todos deste Dicastério têm por ele uma grande admiração e gratidão por este jeito muito simples, fraterno, acolhedor e atencioso”, destacou Dom Sergio.

Em abril deste ano, a CNBB realizaria mais uma Assembleia Geral (AG), reunindo todo o episcopado brasileiro em Aparecida, São Paulo. O então Cardeal Prevost estava com as passagens compradas, pois seria o pregador do retiro dos bispos, que aconteceria durante a AG, e manifestou o desejo de conhecer Salvador, o que já estava confirmado. “Em relação ao Brasil, ele já tinha ido ao país outras vezes, por isso que agora quis conhecer a Bahia, quis conhecer Salvador, se fosse possível. Realmente, estava prevista a ida dele. Nós não divulgamos porque ele mesmo pediu que fosse com simplicidade. Ele disse ‘não quero ser recebido com uma solenidade, mas, sim, de maneira simples, fraterna, quero estar no meio do povo’. Já estava certo de que ele iria presidir uma Missa na Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, e passaria também pelo Santuário Santa Dulce dos Pobres. Mas, ele deixou bem claro que queria estar no meio das pessoas, sendo recebido como um bispo à serviço da Igreja. Agora, quem sabe, Deus nos dará a graça dele ser recebido como o bispo de Roma, como o nosso Papa”, afirmou Dom Sergio.

O afeto do novo Papa pelo Brasil e pelo povo brasileiro também foram destacados pelo Arcebispo de Salvador. “Ele demonstra pelo Brasil não só um interesse enquanto pastor. Mas, na verdade, um afeto pelo país, pelo povo brasileiro, pela Igreja no Brasil. Com certeza, nós vamos ter nele uma continuidade do mesmo amor, do mesmo afeto que o Papa Francisco demonstrava por nós, pela Igreja no Brasil, pelo episcopado e pelo povo brasileiro”, disse.

Entre as muitas preocupações da imprensa, uma diz respeito à continuidade das ações do Papa Francisco, entre elas a promoção da paz. “Certamente, o Papa irá dar sequência àqueles esforços tão bonitos que o Papa Francisco sempre demonstrou pela paz no mundo. Nós sabemos muito bem sobre a relevância do Papa Francisco em nível internacional. Eu pude constatar muitas vezes, nesse Conselho de Cardeais, que estava no coração do Papa sempre o desejo e a busca pela paz, os esforços máximos que ele podia fazer para contribuir para a superação de guerras, de conflitos, para também colocar em pauta os conflitos e as guerras que eram esquecidas. O Papa Francisco concluiu o seu pontificado falando de paz por ocasião da Páscoa e agora novo Papa começa falando da paz, e com certeza vai fazer muito pela paz, porque o mundo de hoje precisa”, disse Dom Sergio.

Outro aspecto destacado por Dom Sergio foi a importância da Igreja na América Latina. “O fato de nós termos os últimos dois Papas frutos da América Latina mostra que, graças a Deus, a própria Igreja tem tido uma caminhada pastoral de relevância internacional, isto é, o que nós temos vivido, os próprios documentos da Igreja na América Latina, principalmente o Documento de Aparecida, tem repercutido para além do Continente. E a escolha, antes de um Papa Latino Americano da Argentina, e agora, podemos dizer, de um Papa Latino Americano do Peru, por que o Cardeal Prevost era bispo missionário ali, mostra cada vez mais a importância e a responsabilidade que nós temos como Igreja na América Latina e no Brasil. Sem dúvida, o Papa tem o coração muito em sintonia com a caminhada da Igreja na América Latina, e com certeza isso vai contribuir para que a Igreja possa cumprir cada vez melhor a sua missão no mundo de hoje”, disse.

“O Cardeal Prevost já tinha Francisco no nome, mas também no coração, e a Igreja com certeza tem ambos no coração neste momento. Espero que cada vez mais possamos caminhar unidos ao novo Papa, evangelizando, vivendo a missão da Igreja no mundo de hoje com seus desafios próprios. Essa experiência pastoral que o Papa Leão XIV traz, essa visão que ele tem, que é internacional, e também com o seu coração latino-americano, irão ajudar e muito para continuarem os esforços pela paz, contando com o Papa, com o sucessor do apóstolo Pedro”, afirmou Dom Sergio.

Fotos enviadas pelo padre Elísio Serpa