Irmã Dulce: confira um pouco da história do Anjo Bom da Bahia

Em 26 de maio de 1914 nasce, na cidade de Salvador, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, a menina que gostava de soltar pipa e jogar futebol manifesta o interesse pela vida religiosa no início da adolescência, quando, aos 13 anos de idade, já atendia a doentes no portão de casa, no bairro de Nazaré. É nessa época que sua casa fica conhecida como A Portaria de São Francisco’, tal a aglomeração de desassistidos. Em 1933, a jovem ingressa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão (Sergipe). No mesmo ano, recebe o hábito e adota, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

A religiosa inicia um trabalho assistencial nas comunidades carentes em 1935, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também aos operários – que eram numerosos naquele bairro – criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, embrião do Círculo Operário da Bahia.

Em 1939, Irmã Dulce invade cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Expulsa do lugar, ela peregrina durante uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade. Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupa um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce.

Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, ao lado de seus doentes, por quem tanto lutou. Túmulo definitivo do “Anjo Bom do Brasil”, a Capela das Relíquias – local para onde seus restos mortais foram transferidos – está aberta à visitação durante todos os dias, das 7h às 18h. A capela fica no Santuário de Irmã Dulce, na Avenida Dendezeiros do Bonfim (no bairro do Bonfim), em Salvador.

As Obras Sociais Irmã Dulce

As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) nasceram no dia 26 de maio de 1959, tendo como sua fundadora a freira baiana Irmã Dulce, conhecida como o Anjo Bom da Bahia. Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do País, com cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais realizados por ano na Bahia a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pacientes sociais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas e crianças e adolescentes em situação de risco social. A organização conta com um perfil de serviços único no Brasil, distribuídos em 21 núcleos que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Educação e na preservação e difusão da história de sua fundadora.

Também conhecida como Complexo Roma, a sede das Obras em Salvador abriga, em seus mais de 40 mil metros quadrados de área construída, 20 dos 21 núcleos da entidade, incluindo 954 leitos hospitalares para o atendimento de patologias clínicas e cirúrgicas. Desses núcleos, 19 apresentam atuação no campo da Saúde, a exemplo do Hospital Santo Antônio, Centro Geriátrico, Hospital da Criança, Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, Centro de Acolhimento à Pessoa com Deficiência e Centro Especializado em Reabilitação e do Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas. Somente no Complexo Roma são contabilizados por ano cerca de 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais – mais de 60% do volume alcançado por toda a organização no estado. Ainda na capital baiana, na sede das Obras Sociais, local que atende diariamente cerca de 2 mil pessoas, são realizadas por ano 12 mil cirurgias, além de 18 mil internamentos.

Fonte: OSID