O Palácio da Sé

Dom Murilo S.R. Krieger, scj

Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil

 

Tendo tomado posse como Arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia (25.03.2011), não demorou para ouvir perguntas a respeito do Palácio da Sé: o que será feito dele? Será reaberto? Quando isso acontecerá? Na verdade, não o conhecia e nem imaginava sua importância histórica.

Graças a esse Palácio, iniciei meus contatos com o IPHAN, que tem sido um parceiro valioso nos trabalhos de restauração de nosso patrimônio histórico. Soube, então, que o Palácio da Sé foi obra de Dom Sebastião Monteiro da Vide, 5º Arcebispo desta Arquidiocese, que a governou de 1702 a 1722.

Em 1705, Dom Sebastião recebeu, por provisão régia, a devida licença para construir o Palácio no Terreiro de Jesus. Dois anos depois, trocou a área localizada no Terreiro com a Irmandade de São Pedro dos Clérigos, que tinha uma capela junto à antiga Igreja da Sé. As obras do Palácio da Sé foram concluídas em 1715, e estava ligada à Catedral por um passadiço elevado.

Como lemos no livro “Salvador e a Baía de Todos os Santos – Guia de Arquitetura e Paisagem”, preparado em 2012, por uma equipe da Universidade Federal da Bahia (UFBA), “O partido da edificação é de um solar urbano brasonado, com três pavimentos e subsolo. Compõe-se de quatro alas, dispostas em volta de um pátio, para onde se abrem duas galerias envidraçadas, que originalmente corresponderiam a varandas (…) Destacam-se, no edifício, a portada monumental em lióz (…), encimado pelo brasão de armas de D. Sebastião M. da Vide, assim como os balcões de púlpito… e os forros em caixotões, usados até a primeira metade do século XVIII”.

A maior parte dos recursos para a restauração vieram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), que compreendeu a importância histórica dessa obra. O Banco Itaú, no início dos trabalhos, também colaborou. E, na fase final, foi de máxima importância a participação da Prefeitura Municipal de Salvador, sem a qual o Palácio não poderia ser reaberto.

Uma vez inaugurado – pretendemos fazê-lo na noite de 6 de dezembro p.v. -, o Palácio terá um andar destinado a exposições, particularmente de documentos restaurados pelo Laboratório Eugenio Veiga, da UCSal; um ao Museu da Igreja no Brasil (bem mais modesto do que havíamos imaginado no início) e um andar para a secretaria do Arcebispo e outras secretarias. A responsabilidade pelo Palácio passará a ser do Centro Cultural Palácio da Sé Dom Sebastião da Vide, que tem como Presidente o Pe. José Abel Carvalho Pinheiro.

Há ainda muito a ser feito, para que o Palácio da Sé seja o que sonhamos: um centro de referência da história da Igreja no Brasil. Se tivermos, agora, a colaboração da sociedade soteropolitana, alcançaremos tal objetivo.

Foto da capa: Marina Silva/Jornal Correio