Com o tema Vida em primeiro lugar e lema Este sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!, o Grito dos Excluídos chega à sua 22ª edição amanhã, dia 7 de setembro. O evento, que tem o objetivo denunciar as várias formas de desigualdades do país, acontece durante o desfile em comemoração à Independência do Brasil, a partir das 8h, no Campo Grande.
O Grito nasceu da necessidade de dar voz ao povo no que se refere a saúde, moradia, transporte, trabalho, informação, vida digna etc. Hoje funciona como um espaço para que movimentos sociais organizados se manifestem. A escolha do lema deste ano teve inspiração nas várias referências do Papa Francisco durante o Encontro Mundial com os Movimentos Populares, que ocorreu na Bolívia, quando falou da urgência em romper o silêncio e lutar por mudanças reais dentro do sistema capitalista, que não compreende o sentido do “Cuidar da Casa Comum”.
De acordo com o coordenador do Grito dos Excluídos na Arquidiocese de Salvador, padre José Carlos Santos Silva, este ano o evento faz um convite à população a observar de forma mais atenta a realidade em que vive. “O Grito este ano nos convida a uma tomada de consciência da realidade, não apenas olhar essa realidade, mas ter a capacidade de ir ao encontro de tudo aquilo que causa sofrimento, que causa dor, que exclui, que degrada e mata as pessoas. Ir ao encontro das realidades para que possa, no dia a dia, ter atitudes de transformação, não apenas gritar, mas contribuir para a transformação da realidade”, diz.
Um pouco de história
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994, e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema Eras tu, Senhor, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era Brasil, alternativas e protagonistas. Em 1999, o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
O que é
O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo. É um espaço de animação, sempre aberto a grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. De acordo com os organizadores, o Grito não tem um “dono”: não é da Igreja, do Sindicato, da Pastoral; não se caracteriza por discursos de lideranças, nem pela centralização dos seus atos.
Caminhada
A caminhada que acontece no dia 7 de setembro, às 8h, sairá da praça do Campo Grande com destino à praça da Sé e terá a participação de grupos, pastorais e movimentos da Arquidiocese, como a Ação Social Arquidiocesana (ASA), a Cáritas Regional NE3, o Levante Popular da Juventude, a Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (ACOPAMEC), a Força Feminina, a Pastoral da Criança, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), a Pastoral do Menor, a Pastoral da Saúde, o Projeto Levanta-te e Anda, a Pastoral Carcerária, a Fraternidade Cristã de pessoas com Deficiência (FCD), a Pastoral da AIDS, o Projeto Consolação e a Pastoral da Juventude.
A fim de capacitar e orientar os articuladores do evento, a coordenação realiza formações todas as terças-feiras, das 15h às 17h, no Centro Arquidiocesano de Pastoral (rua Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia) por meio de oficinas formativas que abordam o lema do Grito, levando em conta eixos como: União dos Generosos e Generosas; Desmentir a Mídia; Direitos Básicos; Função do Estado; As Várias Formas de Violência; Participação Política; e A Rua é o Lugar.
Padre José Carlos enfatiza a necessidade de falar sobre a violência. “É preciso lutar contra a violência institucional e a violência que está nas ruas. É preciso ter a capacidade, a coragem de, gritando, buscar construir um mundo melhor para todos”, explica.
Assim como em Salvador, o evento acontece em todo o Brasil e prevê outras atividades durante a Semana da Pátria, culminando com a caminhada do dia 7 de setembro. Informações pelo telefone 4009-6671 ou através do e-mail asa@asasalvador.org.br.



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