Coordenador da CAEDI, padre Lázaro Muniz envia mensagem pela Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Aos Revmos. Padres e Diáconos,

Agentes de Pastorais e de Movimentos Eclesiais,

Irmãs e Irmãos queridos.

Quando pensamos ou nos referimos ao tema do Ecumenismo, precisamos ter presente em nossa consciência que a unidade de todos os povos, à luz da mensagem do Evangelho de Cristo, é um apelo urgente, que exige uma postura concreta de todos e todas. O “movimento ecumênico” é uma caminhada de diálogo e cooperação comum entre as igrejas cristãs, além de um ato de respeito e valorização do dom de Deus, presente na diversidade religiosa, fazendo do pluralismo cultural e religioso, um instrumento de combate ao racismo religioso e a todo forma de Intolerância.

Não seria exagerado dizer que o ponto alto deste movimento seja a superação das divergências históricas e culturais, aceitando a diversidade cristã, o pluralismo religioso, a liberdade religiosa, e o direito de não crença, como uma realidade e não como problema a ser tolerado ou combatido, fazendo do outro um adversário. A aceitação do outro dentro de sua confissão religiosa, e por meio dela, é necessária para uma compreensão mais serena de que vivemos num mundo plural e edificado sobre bases que não necessariamente se identificam com essa ou aquela confissão religiosa.

Desse modo, as configurações históricas nas relações religião e estado, devem ser respeitadas, procurando excluir todos os elementos que provoquem ou funcionem, como instrumento de exclusão ou de atentado à liberdade religiosa, seja pelo próprio aparato estatal ou nas doutrinas dos segmentos religiosos que atuam na mesma sociedade, uma vez que a compreensão de “estado laico” deva traduzir para nós, não como um estado sem religião ou contra os segmentos religiosos, mas como um estado, mas sim que tenha a tarefa de manter viva a liberdade de crença e de culto, porque deve garantir os direitos inalienáveis de cada pessoa.

O Conselho Mundial de Igrejas e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) realizam a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) como um caminho de promoção da Unidade tão querida por Jesus! Esta Semana acontece em períodos diferentes nos hemisférios. Em janeiro, no hemisfério Norte, aproveitando o período da Festa da Conversão de São Paulo, geralmente entre os dias 18 e 25, com o significado simbólico da unidade provocada pelo evangelho que alcançava diversos povos. No hemisfério Sul, aproveita-se o período da Festa de Pentecostes, chamando atenção para o simbolismo da unidade da Igreja, narrado nos Atos do Apóstolos (cap 2).

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), no qual nossa Igreja Católica é membro, é o órgão que coordena as iniciativas para a celebração da SOUC a cada ano, considerando diversos aspetos, além da flexibilidade no que diz respeito à data, buscando estimular nos cristãos e cristãs, ao longo do ano, a manifestação alegre e vigora, da comunhão que as Igrejas já atingiram e a orar juntos e juntas, por uma unidade ainda mais visível e edificadora, expressando o desejo do Mestre: “Que sejam um, como Tu e Eu somos um!” (Jo 17,21).

No livreto de Oração e orientações para a celebração deste ano, encontramos essa motivação: “Nos reunimos como Irmãos e irmãs de diferentes confissões, que expressam em comum a fé em Jesus Cristo. Ao longo desta Semana oramos, celebramos e estudamos a bíblia com os recursos preparados pelo Conselho de Igrejas do Oriente Médio e adaptados no Brasil pelo CONIC Agreste Pernambucano. Nossos irmãos e irmãs do Oriente Médio nos motivam a celebrar a esperança, inspirados e inspiradas pela experiência dos magos que foram guiados pela estrela do Oriente até a Manjedoura de Belém, como está descrito no Evangelho segundo Mateus 2, 2:  “Vimos o seu astro no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem. ”

Fixemos nossos olhos no astro que foi visto no Oriente e permitamos que ele também nos conduza. Vamos à presença de Deus com gratidão e alegria, orando pelas pessoas doentes, pelas pessoas desesperançadas, pelas pessoas marginalizadas e invisibilizadas, por todas as pessoas refugiadas e deslocadas. A fé na presença de Deus, revelado na criança de Belém e que se faz atual na ação do Espírito Santo, ilumina nossos caminhos e fortalece a esperança em lugar da desesperança e o amor em lugar do ódio. Ao orarmos, nós e nossas comunidades somos guiados pela fé que ilumina o caminho para a unidade, desejada por Jesus: “Que sejam um para que o mundo creia” (Jo 17.21)”.

Nossa Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter religioso está em processo de organização, já com diversos membros, fazendo o caminho de estruturação e preparando uma bela agenda de atividades para promover uma justa e profunda reflexão sobe a temática entre nós. Somos gratos a todos que já se mobilizam para tal serviço e pedimos orações.

Desejamos aqui oferecer algumas informações e propostas que poderão viabilizar uma maior participação das nossas comunidades, sobretudo neste “fazer do caminho Sinodal de Comunhão, Participação e Missão”:

  1. Reza pela Unidade Cristã: Oração Oficial deste ano: (Site da CNBB e CONIC)

Deus, Pai misericordioso e de bondade infinita! Dirigimo-nos a Ti, como filhos e filhas, pois… Vimos a sua estrela e viemos prestar-lhe homenagem” (Mt 2,2). Guia-nos como guiaste os magos que, vendo a estrela, seguiram-na pelo caminho. Ilumina nosso caminho com este astro que é dom, realização de tua amorosa presença para toda humanidade, mediante a nova luz que é Jesus.

Fortalece e abre nossos corações para o encontro com as diferentes culturas, tradições, religiosidades, etnias, línguas e sonhos. Queremos ser pequenas pontes de unidade e amorosidade, partilhando os tesouros que, gratuitamente, nos deste. Queremos caminhar juntos e juntas com todos os povos da Terra. Enquanto fazemos caminho ao caminhar, ensina-nos a viver a cultura do encontro, nos despojando para experiências mais profundas da cultura da paz.

Que os presentes entregues pelos magos a Jesus simbolizem para nós:  O ouro – sinal de que o rosto do irmão e da irmã é o fundamento ético para a acolhida; O incenso – sinal de que a melhor forma de te louvar é nos comprometermos com a superação de todas as formas de violência; A mirra – perfume valioso que nos envolve e nos desafia a sermos responsáveis pelo cuidado com a Criação.

Bom Deus! Que a Epifania ocorrida em Belém faça de nós testemunhas da unidade e da paz.

Deus, revelado em Jesus Cristo e presente pela ação transformadora do Espírito Santo, que a Tua ternura seja para toda a humanidade, do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste, e que ela faça morada em nossos corações.

É o que te pedimos em nome de Teu Filho, Jesus Cristo, e do Espírito Santo, amém!

  1.  Não medir esforços em promover encontros no Território Paroquial e, também no combate a todo tipo de ofensa ou provocação que torne mais difícil o diálogo.

a)“O outro, a outra, não é inimigo, porque tem religião diferente! ”. E se assim o fosse, Jesus já havia dito: “Amai os vossos inimigos” (Mt 5, 44).

b)O espírito Ecumênico e o Diálogo Inter religioso não é uma questão de gosto pessoal, é parte da doutrina e da ação pastoral da mesma Igreja de Cristo.

  1. Utilizar-se do material preparado para o evento pelo CONIC e CNBB: (https://www.conic.org.br/portal/vivencia-ecumenica/semana-de-oracao-pela-unidade-crista-souc)
  1. Estudo da Doutrina sobre o Tema: Indicamos alguns textos da Doutrina Católica sobre o tema: (Gaudium et Spes Unitatis Redintegratio e Nostrae Aetate, do Vat.II, Ut Unum Sint(S. João Paulo II),  Evangelii Gaudium (Papa Francisco), Doc. Aparecida, entre outros);

Enviamos a todos e todo nosso abraço fraterno, rogando que o empenho ecumênico e diálogo respeitoso para com os irmãos e irmãs de outras denominações cristãs ou não cresça entre nós. Logo divulgaremos um Seminário que estamos preparando para nossa Arquidiocese e um “ciclo de rodas de conversa” sobre o assunto. Dentro de nós fica a certeza de que só através de um trabalho continuado, poderemos fincar raízes nesse campo pastoral, a fim de gerar frutos para a Igreja arquidiocesana, fazendo acontecer o desejo do Cristo Bom pastor de que sejamos um só Rebanho e Ele seja o Pastor a nos conduzir à Eternidade! (cf Jo 10,16).

No Cristo, nossa Páscoa,

                Pe. Lázaro Silva Muniz

Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter Religioso (CAEDI)