Como evangelizar utilizando as redes sociais como principal ferramenta?

É possível evangelizar pela internet? O assessor nacional do setor Universidades da CNBB conversou com a equipe do portal Arquidiocesano e falou um pouco sobre a beleza de usar as redes sociais na evangelização. Principalmente dos jovens. Confira!.

Portal Arquidiocesano – O senhor acha que existe evangelização pela internet?

Padre Danilo Pinto – Todo lugar onde existe o ser humano, pode existir o testemunho do encontro que a gente fez com Cristo. Aliás, precisa existir esse testemunho. E as redes sociais, hoje, são ambientes antropológicos, um ambiente onde está o ser humano. Então, hoje, elas não podem mais ser consideradas como um meio, como um instrumento para se anunciar o evangelho, mas como um ambiente onde está o ser humano e para qual precisamos testemunhar o encontro com o ressuscitado.

Portal Arquidiocesano – Qual a melhor forma de atrair os jovens para a igreja pelas redes sociais?

Padre Danilo Pinto – Se é verdade que as redes sociais não são um instrumento que a gente pode utilizar, mas um ambiente onde a gente está, então é necessário perguntar como estar bem nesse ambiente? Então a melhor forma de evangelizar é por meio do testemunho. Mais até do que estratégias de comunicação. Essas virão, e são necessárias para a comunicação pastoral, mas, mais do que isso é o testemunho que eu dou da minha vida nesse meio de comunicação. Quando vou manifestar o meu posicionamento e o meu pensamento a respeito de determinado tema, temas muitas vezes polêmicos, então ali eu tenho a oportunidade de manifestar o pensamento de alguém que fez um encontro com Cristo, um encontro que foi capaz de mudar toda  a sua vida. Quando eu vou manifestar solidariedade a alguém, ou em determinadas situação, não compartilhando determinado conteúdo nas redes sociais… por todas essas posturas, nesse ambiente, nós vamos mostrando esse encontro que fizemos com Cristo e  vamos testemunhando esse encontro com ele. Vamos testemunhando que a gente tem um modo de se relacionar que é diferente das outras pessoas, que oferecemos sentido ao nosso sofrimento de uma outra forma. O nosso luto não é aprisionado na perda, se abre pra uma nova esperança, se abre pra uma nova dimensão , que é a dimensão da ressurreição. Então, em inúmeras situações da nossa vida em que temos que comunicar, e quando nós falamos de comunicação nós estamos falando de tornar comum… Em todas as situações em que podemos tornar comum algo, podemos tornar esse algo comum à luz da fé, e aí sim, evangelizar.

Portal Arquidiocesano – O que nós, como Cristãos, não devemos fazer para que o nosso testemunho não se torne contrário?

Padre Danilo Pinto – Eu acho que existem duas direções pra essa pergunta. O quê que não devemos fazer num ambiente como esse das mídias sociais? Se a gente for olhar na identidade da comunidade cristã primitiva, ela era marcada por três características em especiais: a acolhida, o perdão e a unidade. Quando nós transpomos esse traço da identidade da comunidade cristã para essa grande comunidade que é a rede social, a devemos nos perguntar se as nossas posturas têm manifestado acolhida às pessoas. Então, por exemplo, se eu vejo um conteúdo que exponha uma pessoa, eu não devo compartilhar aquele conteúdo. Pelo contrário, eu devo até alertá-la e auxiliá-la nesse sentido. Será que eu tenho nas redes sociais manifestado perdão às coisas que sofremos, perdão as situações também que vemos os outros passarem, na hora de enfrentar e lidar com alguns problemas? Será que eu tenho perdoado o outro pelas situações em que muitas vezes ele me coloca ao me associar a determinado conteúdo partilhado? Dei esses exemplos pra refletir a seguinte coisa: Todas esses virtudes cristãs que nós buscamos cultivar fora do ambiente digital, devemos cultivar também nesse ambiente. Então se eu pudesse dizer uma coisa a respeito do que o cristão não deve fazer nas redes sociais pra evitar seu encontro com Cristo com mais qualidade, é evitar alguns tipos de coisa. Por exemplo, tem gente que fica postando aquelas imagens de Nossa Senhora, com brilhinhos, com frases. Ficam atribuindo ao papa frases que nunca foram ditas por ele…. isso não é coisa de um cristão! Pelo menos não de um cristão profundo que fez seu encontro com Cristo, não é? Repito: A melhor forma de evangelizar é por meio do testemunho. É aquele testemunho que podemos oferecer nas mídias. Agora, uma coisa é certa e verdadeira: Não podemos deixar de aproveitar desse tempo e desse ambiente para qualificar a nossa comunicação. Então, por exemplo, quais são as estratégias de comunicação? Será que eu para o meu grupo consigo bolar uma estratégia de comunicação, uma ação nas redes sociais? Vamos lá, eu me recordo que há um tempo atrás, a Pastoral de Comunicação da Arquidiocese sugeriu que no dia de todos os santos, em homenagem ao seu santo de devoção as pessoas substituíssem a foto do seu perfil como um testemunho pela foto de algum santo. Do modo pelo qual a gente pode utilizar bem a comunicação pelas redes socais. Utilizar a comunicação por cards, memes, pensar ações que envolvam as pessoas e que as coloque em movimento nesse contexto das mídias.

Portal Arquidiocesano – O que é que a pastoral universitária fez de mais inovador nessa questão de evangelização nas redes sociais?

Padre Danilo Pinto – Primeiro foi a escolha pela rede social. Porque percebemos que o nosso público em idade universitária está muito presente nesse ambiente das redes socais. Nesse ambiente antropológico das redes. Comunicação pelo WhatsApp, a rede social de imagem, o instagram que é uma tendência das redes… O facebook que é enorme e lá tem tanta coisa, enfim constatando isso a gente percebeu que não poderia estar fora. E a gente tomou então uma decisão. Precisamos posicionar o nosso conteúdo de forma estratégica para o universitário onde ele consegue ver. Até porque aquilo que não é visto não é desejado. A PU precisava ser vista. E a gente fez com que a PU fosse vista pelas redes socais. Para que a presença de Cristo na universidade começasse a ser desejada também. A decisão foi o que existiu de mais inovador, porque a gente não aposta em outras mídias pra divulgar, a gente só aposta nessa. Dessa decisão inúmeras ações brotaram. A comunicação por memes, a formação, por exemplo, de um grupo no whatsapp quando a gente consegue montar um grupo numa universidade, numa comunidade cristã e com membros da comunidade universitária. Ou seja, pelo grupo do whatsapp há uma continuidade pastoral do encontro presencial até que tenha um próximo encontro. Isso eu acho que poderia dizer que é uma coisa inovadora, embora muitos já tenham percorrido esse caminho. Mas existe uma série de outras ações que poderiam ser levantadas nas redes que os jovens podem recordar até melhor do que eu.