Pe. Rosalvo M. Humildes Júnior[1]
A comunicação é a ação ou efeito de comunicar-se, que se confunde com a história da humanidade. Desde os primórdios, nossos ancestrais já utilizavam, mesmo que de modo arcaico, instrumentos que transmitiam informação, cujo objetivo era o envio de mensagens para os seus companheiros, apresentando-lhes o seu cotidiano. Um bom exemplo à esta afirmação são as pinturas rupestres, feitas por nossos antepassados e que podem ser vistas em alguns lugares do mundo. Suas imagens, gravadas nas cavernas, atendiam às necessidades comunicativas da sociedade daquele tempo. Isso só era possível por causa de alguns elementos encontrados na comunicação: o emissor (quem transmite a mensagem), o receptor (quem a recebe) e o código (a forma como ela é passada).
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Jesus, nosso Salvador, o grande profeta das nações, estimulava os apóstolos a praticar o ato da comunicação, divulgando a Boa Nova em todo o planeta. Com o passar dos séculos, leigos, religiosos e os demais cristãos assumiram a posição dos amigos de Cristo, transmitindo a Palavra Santa da forma mais viável para cada um, atendendo aos pedidos do Papa Clemente VII, que, em 1597, criou o termo Propaganda. A palavra deriva do latim propagare, que significa propagação de princípios e teorias. Com isso, o objetivo do Pontífice era que a fé católica fosse espalhada pelos continentes. Hoje, um dos modos mais práticos de evangelizar é através dos MCS, pois o avanço tecnológico no setor é diretamente proporcional à facilidade no seu acesso e na sua utilização. Isto permite uma maior inserção da Igreja Católica no mass media[2], adaptando-se à tendência mundial: interligação da comunicação a todos os setores da sociedade.
A respeito da evangelização, outro Pontífice, Paulo VI, afirma:
A mensagem evangélica, através deles, deverá chegar sim às multidões de homens; mas com a capacidade de penetrar na consciência de cada um desses homens, de se depositar nos corações de cada um deles, como se cada um fosse de fato o único, com tudo aquilo que tem de mais singular e pessoal, a atingir com tal mensagem e do qual obter para esta uma adesão, um compromisso realmente pessoal.[3]
Hoje, 40 anos depois do lançamento da Evangelii Nuntiandi, ainda existe uma forte resistência com relação à incorporação dos MCS no meio católico. Segundo Kater Filho, fundador do Instituto Brasileiro de Marketing Católico, em entrevista à Revista Isto É, há uma forte rejeição dos mass media por parte de alguns setores da Igreja, pelo fato de considerarem os MCS como os responsáveis pelas mazelas e injustiças sociais, aliando-os a posições que possam manchar o conceito de marketing. Ora, o mau uso da comunicação permite que este pensamento esteja presente, mas pode ser eliminado se algumas precauções forem tomadas: estimular o espírito crítico, ajudando a selecionar, criticar, reagir e, até mesmo, negar audiência a programas que firam a consciência cristã e a lei moral; portanto, deve-se valorizar e apoiar seus próprios MCS, tornando-os instrumentos adequados do trabalho de evangelização, investir na formação de comunicadores, com boa preparação profissional e pastoral.[4]
* MCS é a sigla de Meios de Comunicação Social;
[1] Administrador paroquial da Paróquia São Lucas Evangelista (Salvador/BA) e assistente eclesiástico da Pastoral da Comunicação;
[2] No texto, Mass Media também pode ser entendido como Meios de Comunicação Social;
[3] Paulo VI. Evangelii Nuntiandi, n. 45;
[4] Cf. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008 – 2010, n. 206.


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