Fiéis participaram da Liturgia da Paixão e da procissão do Senhor Morto

No Centro Histórico, a Liturgia da Paixão foi presidida por Dom Murilo

A Paixão e a Morte de Jesus foram lembradas nesta Sexta-feira Santa, durante a Liturgia da Paixão, presidida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. A celebração, que é dividida em três partes – Liturgia da Palavra, adoração da Cruz e Comunhão Eucarística – aconteceu na Igreja do Carmo, no Centro Histórico de Salvador.

Durante a homilia, Dom Murilo falou sobre o sofrimento de Jesus e sobre o sofrimento enfrentado por cada pessoa. “As leituras que foram proclamadas nos apresentaram uma série de imagens, muitas, diversas. Mas, uma imagem que eu penso que se repete mais é a relativa ao sofrimento. Jesus sofre. E se isso fosse uma situação isolada, se fosse exclusivo de Jesus, nós olharíamos para o Seu sofrimento como quem olha para um quadro distante. Mas, se nós voltarmos o olhar para a humanidade, para o dia de hoje nesse ano da graça de 2018, nós vamos ver que em nossas casas, em nossa cidade de Salvador, em nosso país e em nosso mundo, o sofrimento está presente. Fortemente presente. E aí vemos que o sofrimento de Jesus não é parte isolada”, disse.

Aprendemos com o sofrimento que a vida só tem sentido quando é vivida como uma oferta ao outro, em sua dimensão de amor. Aliás, eu nunca encontrei alguém que tivesse se arrependido, mais tarde, de um bem feito a outra pessoa. Já aquilo que a gente faz de errado, quanto arrependimento! Quando a gente olha para trás, na nossa vida, os momentos que nos trazem mais alegria, mais fortaleza e esperança são aqueles que nós fizemos o bem naquele momento”, afirmou Dom Murilo.

Fiéis adoraram a Santa Cruz

Logo após a homilia, o diácono Raimundo Moreno e o Arcebispo rezaram a Oração Universal, respondida pelos fiéis. As preces do dia de hoje são pelo Papa, pela Igreja, pelos que sofrem, pelos que creem em Deus e também pelos que não creem. Em seguida foi entronizada a cruz para adoração. Sob o refrão “Eis o lenho da cruz da qual pendeu a salvação do mundo. Vinde, adoremos”, o Cristo crucificado foi colocado no altar para a veneração dos fiéis.

Após a Comunhão, os fiéis deram início à Procissão do Senhor Morto. Conduzida por soldados da Marinha, a imagem do Cristo, da autoria do artista plástico Francisco das Chagas, conhecido como o Cabra, percorreu algumas ruas do Centro Histórico. A imagem da Mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora das Dores, também foi levada na procissão, que seguiu até a Igreja da Ajuda e retornou para a Igreja do Carmo. “Para mim, é um momento especial, de renovação, é o momento de parar para refletir sobre todos os nossos atos e darmos continuidade à nossa vida. Todos nós precisamos parar para refletir e olhar o outro; pedir perdão e voltar o olhar para quem deu a vida para nos salvar”, disse Almir Santos Menezes, membro da Irmandade dos Homens Pretos.

Imagem do Senhor Morto foi conduzida pelas ruas do Centro Histórico de Salvador

“A Sexta-feira Santa, por sua natureza, traz um tom muito especial que é de experimentar a dor, o sofrimento e a morte de Jesus e co Ele fazer o caminho para a sepultura, mas não para ficar na sepultura, mas para passar para a ressurreição, para passar para uma vida nova. Por isso, a sexta-feira abre para nós a perspectiva do Sábado Santo, do Sábado de Aleluia. No Centro Histórico., e a Igreja, por sua natureza, tem características muito especiais de fazer algumas manifestações da piedade popular, entre elas  Procissão do Senhor Morto, que é uma das expressões mais belas, quando carregamos imagens já seculares, o povo mantém essa tradição de poder manifestar, de um modo carinhoso, aquele mesmo ato em que Jesus foi colocado na sepultura. Então é um gesto muito sublime em poder dizer: nós também participamos do momento sublime em que Jesus foi colocado na sepultura, e todos nós nos colocamos para aguardá-lo na Sua ressurreição”, afirmou o pároco da Catedral Basílica, padre Lázaro Muniz.

Fotos: Sara Gomes