
As mãos trêmulas, os passos cada vez mais lentos e os cabelos alvos denunciam a idade avançada de Maria de Lurdes Santos Pereira, de 100 anos. Moradora do Abrigo São Gabriel para Idosos de Deus (Boa Viagem), dona Lurdes – como é conhecida – não desmancha o sorriso por um minuto sequer e, com paciência, fala sobre o novo lar. “Eu me sinto muito feliz de ter conhecido aqui, que é o lugar que Jesus quis que eu ficasse”, diz.
Apesar de estarem distantes fisicamente das famílias, morar no São Gabriel não é motivo de tristeza para 51 mulheres e 14 homens. No lar, que é muito mais do que uma simples casa, eles formaram uma grande família, encontram carinho, atenção, amor e são cercados de cuidados, o que transforma a vida de cada um deles.
De acordo com o presidente e fundador do abrigo, Irmão Gabriel Dias, cada idoso é acolhido de braços abertos. Para que todos sejam bem cuidados, o abrigo conta com uma equipe de 25 funcionários, que se preocupam com a alimentação, limpeza e manutenção da casa, além da saúde e do acompanhamento dos idosos.

“O trabalho se dá a partir do momento que o idoso chega aqui com o acolhimento, ou seja, trazendo a realidade desse idoso que aqui nós somos uma família, explicando e mostrando para ele que nessa casa não é só um abrigamento, mas um aconchego de uma família da qual ele nunca teve, ou ele deixa de ter a partir do momento que ele é deixado no abrigo, ou naqueles casos que ele quer ter a tranquilidade de ser acolhido, de ser amado e ser respeitado na dimensão da pessoa idosa”, afirma.
A fé em Deus é o que move o trabalho no abrigo, e é também o diferencial do espaço. A assistência religiosa é uma constante e duas vezes por semana os idosos participam de missas. Apesar de ser uma casa católica, o abrigo acolhe pessoas independente da religião e há uma preocupação quando um deles professa outro credo, para que possam ser conduzidos às igrejas, onde antes participavam, pelo menos uma vez na semana.
Além do verde que cerca o abrigo, o mar também é grande companheiro, já que a casa está localizada próxima a praia. É só abrir um portão para poder pisar na areia. O abrigo conta, ainda, com dois cães, a Mel e o Bob, que levam alegria para os idosos, atuando como cães terapeutas. “Aqui eu me sinto bem. Gosto especialmente desse ambiente, do mar, das árvores”, afirma Maria Amélia Silva Costa, de 78 anos.

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