O Seminário Central São João Maria Vianney completou 200 anos de fundação no dia 15 de agosto. Para marcar o período festivo – que segue até o dia 30 – aconteceu no Plenário Cosme de Farias (Câmara Municipal de Salvador), uma Sessão Especial com o tema “Formando Pastores segundo o Coração de Jesus Bom Pastor”, proposta pelo vereador Joceval Rodrigues.

Fizeram parte da mesa o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger; o reitor do Seminário Central, padre Gil André Peixinho; o reitor da Universidade Católica do Salvador (UCSal), padre Maurício da Silva Ferreira; o reitor da Catedral Basílica do Senhor do Bonfim, padre Edson Menezes e o historiador e um dos autores do livro que conta a história do Seminário, professor Cândido da Costa e Silva.

Padre Gil Peixinho, enfatiza a importância desse momento para a Igreja. “Estamos aqui na casa do povo, que é a Câmara de Vereadores, para mostrar o quanto a Igreja Católica contribui para o crescimento, para a educação, para a cidadania da cidade. O Seminário tem essa importância, de formar pastores que são grandes lideranças preparadas para conduzir e ajudar o povo a viver bem e construir um reino de paz e justiça”.

O vereador Joceval Rodrigues, solicitante da Sessão Especial, vê o seminário como parte significante de sua vida. “Para mim é uma emoção muito grande, de fato, pela relação que tenho com o seminário. Muitos seminaristas, hoje padres, foram influência na minha vida pessoal, na minha opção pela vida pública […] estou muito emocionado porque passa um filme na minha cabeça. Os eventos, as relações, reuniões… inclusive uma das grandes decisões, a de ingressar na vida pública, foi tomada em uma reunião realizada no seminário”, conta.

Atualmente o Seminário Central conta com 53 seminaristas provenientes da Arquidiocese de Salvador e das dioceses de Camaçari, Ilhéus, Barreiras, Alagoinhas, Senhor do Bonfim e Bom Jesus da Lapa. Todos estiveram presentes na Sessão Especial, além dos formadores padre Josuel Jesus, padre Franklin Silveira e padre Lourival Silva da Cruz.

“Formando padres segundo o Coração de Deus”

Casa dos padres, local de formação dos seminaristas, espaço de diálogo e discernimento. São inúmeras as definições para o Seminário Central São João Maria Vianney e todas estas apresentadas estão corretas: o local é uma verdadeira casa espiritual, onde os jovens podem fazer a experiência do aprofundamento vocacional e do discernimento. “A história da maioria dos sacerdotes que trabalham em nossa Arquidiocese está ligada ao Seminário São João Maria Vianney. Foi para ele que se dirigiram quando pensaram em dedicar sua vida a Jesus e sua Igreja; foi ali que foram formados; e dali saíram para as mais diversas frentes de apostolado”, afirma Dom Murilo.

Para que os jovens interessados em seguir ao Bom Pastor por meio do sacerdócio possam discernir, o seminário oferece um processo formativo pautado em cinco dimensões, que são a espiritual, a intelectual, a humano-afetiva, a comunitária e a pastoral-missionária. “O local é, sobretudo, tempo e lugar para que o candidato vivencie uma vida de intimidade com Cristo, prepare-se melhor para a missão e cresça o sentimento de pertença ao presbitério”, afirmou ao portal arquidiocesano o reitor do Seminário Central, padre Gil André Peixinho.

O passo a passo

Para iniciar o caminho de estudos que levará ao sacerdócio, padre Gil lembra que o candidato deve procurar o próprio pároco ou a Pastoral Vocacional da paróquia a qual pertence ou, ainda, entrar em contato com o próprio Seminário. A partir daí são iniciados os acompanhamentos. “A admissão acontece a partir dos encontros e acompanhamentos no grupo vocacional Cura d’Ars, etapa em que, auxiliados, aprendem a fazer um discernimento vocacional. Os encontros são realizados no 3º domingo de cada mês, no Seminário Santa Teresinha do Menino Jesus [localizado no Centro Vocacional Dom Lucas (CVDL – rua Martin Afonso de Souza, 270, Garcia)]”, afirma.

Com esses encontros, o vocacionado passa a ter auxílio dos formadores para dar continuidade ao discernimento da vocação. Após participar de um processo seletivo, o jovem poderá ingressar na Etapa Propedêutica Santa Teresinha do Menino Jesus, que acontece no CVDL, com duração de um ano. Depois desse período, os seminaristas seguem para o Seminário Central, também chamado de Seminário Maior, onde passam a vivenciar as etapas correspondentes aos cursos de Filosofia e de Teologia. A formação dura, em média, oito anos.

Antigos reitores

Além de padre Gil, atual reitor do seminário, compuseram a mesa também, dois antigos reitores do Seminário Central, padre Edson Menezes e padre Maurício Ferreira da Silva que demonstraram grande emoção em comemorar 200 anos de história.

“O seminário é chamado de coração. Ele é a menina dos olhos de uma diocese. Então, você participar de dentro, participar do coração, é participar de onde o sangue pulsa. Eu fico muito contente e muito honrado da Igreja ter confiado a mim esses anos de formação e depois de reitoria do seminário. Então é uma grande alegria”, conta padre Maurício Ferreira da Silva, atual reitor da Universidade Católica do Salvador.

Padre Edson Menezes, reitor da Basílica do Bonfim, o período que passou no seminário contribui bastante para sua própria formação “É uma honra pra mim fazer parte da história do seminário como formando e como formador. Fiz  toda a minha formação para o ministério presbiteral lá no Seminário Central. Depois fui chamado pra prestar esse serviço que me honrou muito e me ajudou. Eu tendo voltado pro seminário, posso dizer que completei a minha formação. Foi um período que dei a minha contribuição à diocese, com muito empenho, muita dedicação, mas também que recebi muito”, relata.

Testemunho

Durante a Sessão, o seminarista Gabriel Vila Verde relatou como aconteceu o seu chamado e como vem seguindo a sua vocação desde então.

“Foi por meio de Nossa Senhora que pude conhecer melhor a Cristo […] Estava para concluir o segundo grau. Na mente, o desejo de fazer um curso de jornalismo. Como diz a oração, Nossa Senhora passou à frente e mudou meus planos, me apontando o altar do sacrifício. Ser padre era algo que nunca havia me passado…”, conta.

Emocionado e aplaudido pelo público, Gabriel concluiu seu depoimento com um poema dedicado à sua escolha vocacional.

“Feliz será todo homem

Que um dia sentir o chamado

Para ser de Jesus um sinal

É Cristo, o Senhor, quem deseja

Chamar jovens, que dentro da Igreja

Anunciem este amor sem igual

Se um dia sentir, não temais

Ouça a voz do príncipe da Paz

E procure o Seminário Central”.

Dom Murilo definiu a celebração dos 200 anos como o começo de um processo de renovação. “A celebração dos 200 anos não é o final de uma etapa, mas é a renovação de um compromisso de formar padres que sejam capazes de não apenas trabalhar pela igreja, mas para a construção de  uma sociedade justa e solidária”.

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Fotos: Rosa Brito