Cáritas Regional Nordeste 3 realizou encontro em Baixa Grande

 encontro regional sementes criolas baixa grande 2014Entre os dias 29 e 31 de julho aconteceu, em Baixa Grande/BA, na diocese de Ruy Barbosa, o Encontro Regional sobre Sementes Crioulas, com a presença de agricultores e agricultoras de vários municípios das regiões de Irecê, Caetité, Amargosa e Ruy Barbosa – BA.

O evento foi organizado pela Cáritas Regional Nordeste 3, assessorado por Márcio Lima, agente Cáritas do Regional Minas Gerais. “Vivemos um momento muito delicado. Hoje, com as mudanças climáticas, percebe-se desde a extinção de animais às consequências que as pessoas também têm sofrido por conta desse desequilíbrio ambiental”, disse Márcio.

O debate sobre sementes e a fome é uma questão estratégica como bandeira de luta, principalmente no meio rural, onde o problema da fome no Brasil não é falta de comida, mas uma consequência da exploração pelo capitalismo através dos bancos e das grandes empresas. Segundo dados apresentados pelo assessor, 500 empresas multinacionais controlam 60% do que se produz no mundo e, na agricultura, 50 empresas controlam 80% dos alimentos no mundo. Dessas 50 empresas, cinco tem o controle sobre o mercado de sementes. No Brasil, 15% das terras que produzem alimentos estão nas mãos de agricultores.

“As sementes recebidas dos programas governamentais chegam descontextualizadas aos seus respectivos territórios, cabendo aos movimentos sociais dá indicações propositivas de parâmetros e de práticas que apontam para a agroecologia. O que se vê hoje aqui com essa iniciativa é uma ação propositiva”, afirma Alex Fábio, agente da Cáritas da Diocese de Ruy Barbosa.

Dando continuidade ao evento, no dia 30, os participantes fizeram o trabalho de identificar possíveis parceiros para desenvolver o trabalho com sementes crioulas, levando em consideração o contexto de cada região.

A motivação é que se pense em um mapeamento a partir de ações em que a Cáritas está envolvida. Até dezembro de 2014, a Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa estima que terá o mapeamento feito junto aos agricultores e agricultoras, visando o fortalecimento de iniciativas em prol da casa de sementes nos municípios, a exemplo de Miguel Calmon e Utinga.

Outras ações serão de articular possíveis parceiros, citando as comissões municipais da ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) e do sistema de cooperativas; fazer o levantamento de variedades de sementes e identificá-las; dialogar com agricultores que têm a prática de guardar sementes e “através dos projetos P1+2 que são desenvolvidos em diversas regiões do estado, o que facilita o processo de implantação de uma casa de semente”, disse Joaquim Rodrigues, agente da Cáritas de Amargosa.

A noite do dia 30 de julho foi reservada para um momento de celebração e para troca de sementes, onde todos e todas puderam conhecer as diversas histórias sobre elas.

No último dia, foi feitauma visita à comunidade Cruz de Almas, município de Várzea da Roça, para conhecer iniciativas desenvolvidas pelo Instituto de Permacultura da Bahia e agricultores da região. Essas ações visam o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura familiar e a educação ambiental por meio dos princípios da permacultura e da agroecologia. Os visitantes conheceram o viveiro de mudas, casa de sementes e a roça de seu Zeca, agricultor que adotou o sistema de reflorestamento em sua propriedade.

Essas e tantas outras práticas têm demonstrado outra relação em que o sertão sempre foi segregado pela ideia de pobreza. Em um dia chuvoso e frio no semiárido, mais uma experiência exitosa de troca de saberes e sabores revela um novo olhar e práticas que combatem o mito do sertão miserável.

Texto e fotos: Assessoria de Comunicação da Cáritas Regional Nordeste 3