
A Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Irmandade dos Homens Pretos) realiza, neste mês de dezembro, a tradicional Festa de Santa Bárbara, em Salvador. Com o tema “Com Santa Bárbara, de fronte erguida e rosto sereno, testemunhamos Jesus Cristo, nossa Esperança”, a celebração reunirá devotos na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, localizada no Centro Histórico. O tríduo preparatório acontece nos dias 1º, 2 e 3, com programação diária composta pela reza do Santo Terço, às 17h, e pela Santa Missa, às 18h.
O ponto alto das homenagens à santa, conhecida como protetora contra tempestades e trovões, acontecerá no dia 4 de dezembro. A programação terá início às 6h, com a Alvorada de Fogos, seguida pela tradicional Salva dos Clarins, às 7h. Às 8h, será celebrada a Santa Missa campal, seguida de procissão pelas ruas do Pelourinho, que sairá da Igreja do Rosário dos Pretos, passará pelas ruas Gregório de Mattos, João de Deus, Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Ladeira da Praça. Ao chegar ao Corpo de Bombeiros (Barroquinha), os devotos farão uma parada para homenagear a padroeira da corporação e, logo após, seguirão para a Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho e Pelourinho até retornar à Igreja. Já à tarde, às 15h, haverá apresentação cultural, reforçando a integração entre fé, tradição e arte.
Santa Bárbara: fé, coragem e testemunho
Santa Bárbara, uma das santas mais veneradas no cristianismo, especialmente no Brasil, é símbolo de coragem, fidelidade a Cristo e resistência diante da perseguição. Seu martírio, ocorrido no século III, atravessou séculos e permanece vivo na devoção popular, unindo fé e tradição.
Santa Bárbara nasceu em uma família pagã e era filha de Dióscoro, um homem rico e extremamente rígido. Temendo que a jovem fosse influenciada por ideias externas, ele a manteve reclusa em uma torre. Nesse isolamento, porém, Bárbara conheceu o cristianismo, encantou-se pela mensagem de esperança e decidiu abraçar a fé em Jesus Cristo.
Ao saber que ela havia se tornado cristã, Dióscoro reagiu com violência. Ele a denunciou às autoridades romanas, dando início a um período de torturas e humilhações. Mesmo diante dos castigos, Bárbara manteve-se firme, professando sua fé com serenidade e convicção. Por não renunciar ao cristianismo, foi condenada à morte. O mais marcante na narrativa é que a própria execução foi realizada pelo pai — que, logo após decapitá-la, teria sido atingido por um raio, segundo a tradição. Por isso, Santa Bárbara tornou-se padroeira contra tempestades, raios e trovões.
A devoção à santa espalhou-se rapidamente pelo Oriente e, depois, pelo Ocidente, chegando ao Brasil com os colonizadores portugueses. Em Salvador, sua festa ocupa lugar de destaque no calendário religioso e cultural, reunindo milhares de pessoas no Centro Histórico em celebrações que misturam fé, música, tradição e memória.
Santa Bárbara é representada vestindo túnicas imponentes, segurando uma espada ou uma palma — símbolo do martírio — e uma torre, referência ao período em que foi mantida presa pelo próprio pai. Sua história inspira cristãos a testemunharem Jesus Cristo com coragem e esperança, mantendo viva a convicção de que a fé é capaz de transformar realidades, mesmo nas situações mais desafiadoras.


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