Por Dom Gilson Andrade da Silva
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador

Cracóvia, 29 de julho de 2016
São 7h30 da manhã quando, depois do café da manhã, aparece uma voluntária para nos conduzir até o lugar da catequese, desta vez a 20km de Cracóvia, mas sempre dentro da cidade, paróquia de S. Gregório, na localidade de Ruszcza. Os nomes aqui são sempre difíceis de ler e de pronunciar. Aliás, estou fazendo o propósito de aprender mais inglês, pois é o que tem salvado por aqui. Com um inglês bem macarrônico vou tentando me fazer entender.Chegamos à paróquia pelas 8h15 e fomos muito bem acolhidos pelos padres. Uma outra experiência marcante dessa jornada é a acolhida dos poloneses. Sempre muito gentis, muito atenciosos e generosos no contato conosco. Fomos logo conhecer a linda Igreja do século XIII. Quantos séculos de história e de fé. Hoje mesmo um dos bispos do Brasil que encontrei me disse que estava impressionado com o espírito de fé católica do povo da cidade. Vê-se como isso marcou profundamente a história do lugar.D. João Justino fez a catequese que hoje tratou da proposta aos jovens de serem testemunhas da misericórdia. Havia jovens de várias partes do Brasil e alguns de Portugal. Para a missa chegaram também jovens poloneses que participaram com muita devoção da celebração eucarística junto com seus padres. Como temos feito, nesses dias de catequese tenho ido para o confessionário, exercer junto aos jovens o ministério da reconciliação. Nas Igrejas que fomos sempre encontrei muitos confessionários nas Igrejas. Vê-se que o povo se confessa com frequência e penso que esse é um dos fatores que explica a forte presença na cultura da fé cristã.A missa foi votiva da Virgem Maria, Rainha e Mãe de Misericórdia. O evangelho foi lido também em polonês. Também aqui se viu a alegria e a devoção com que os jovens dela participaram, apesar do cansaço que vai sendo acumulado ao longo desses dias.Deixei um recado de manhã no whatsapp para o grupo de Cracóvia que eu celebraria aquela missa. Os jovens que foram guiados pela comunidade Verbo de Vida apareceram e participaram na missa, depois de fazer aquilo que eles chamaram de “uma viagem”, pois tiveram que pegar dois três e um ônibus para chegar lá.Após a missa fomos convidados, D. João Justino e eu, para o almoço na casa paroquial. Sendo sexta-feira foi servido também peixe. Destaco esse detalhe porque um dos padres me disse que na Polônia normalmente não se come carne na sexta-feira, em honra da Paixão de Nosso Senhor.Após a missa retornamos para nosso lugar de alojamento pelas 14h e pelas 15h já me encontrava no ônibus junto aos outros bispos para ir até o Parque Blonia onde estava planejada a Via Sacra, outro momento importante no caminho da JMJ.
Mais uma vez chovia insistentemente, uma chuva suave, mas constante. No ambiente, porém, rolava muito música ao vivo, com cantores da música católica internacional num dos palcos do evento.
Notei que o sistema de controle de entrada dessa vez estava ainda mais exigente, talvez por isso saímos mais cedo de casa. Todos fomos revistados. Há sempre uma grande preocupação com a segurança, embora, graças a Deus, nenhum incidente tenha acontecido.
O tempo de espera foi tempo de aproximação dos bispos entre si, de conhecimento mútuo e conversa amena. Terminada a chuva um sol intenso brilhou sobre o lugar.
O Santo Padre entrou no recinto por volta das 17h30, sempre hora local. Entrou de forma discreta, pois se tratava da oração da Via Sacra, cumprimentando os senhores cardeais e tomando o seu lugar no palco central. Apesar do sol sobre o seu rosto, acompanhou atentamente todas as estações da Via Sacra.
Um belo texto foi preparado, contemplando uma reflexão sobre cada uma das obras de misericórdia espiritual e corporal, apresentando antes de cada estação um pequeno vídeo apresentando instituições católicas presentes na Polônia que realizam ações de caridade de acordo com as diversas obras de misericórdia.
As estações foram sendo apresentadas com expressões artísticas como imagens em desenhos e expressões de teatro e dança, encenadas ao longo do parque e acompanhadas pelos telões.
Ao terminar a Via Sacra o Santo Padre nos dirigiu palavras muito intensas, convidando os jovens a marcarem um protagonismo no serviço quando retornarem e lembrou que a credibilidade dos católicos não depende da força das ideias, mas da nossa coerência em viver as obras de misericórdia e insistiu nisso. E manifestou o seu desejo de que os jovens fossem semeadores de esperança.
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