Dom Murilo fala sobre misericórdia em evento que discutiu experiência dos presídios APAC

O Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, participou na noite desta terça-feira (17) de um encontro promovido pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) – Brasil, que discutiu sobre a experiência nos presídios da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). O evento foi realizado na Cúria Metropolitana Bom Pastor, no Garcia, e teve como tema “Ninguém é irrecuperável: A experiência dos presídios APAC”.
Entre os participantes da mesa, estiveram presentes o diretor executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), Valdeci Ferreira, responsável pelos presídios da APAC, além do deputado estadual de Minas Gerais, Durval Ângelo, que é membro do conselho fiscal da Fraternidade. Representantes do governo do estado da Bahia, deputados baianos, vereadores de Salvador, além de leigos, religiosos, consagrados e representantes da sociedade civil lotaram o auditório da Cúria.
Em seu discurso, onde falou sobre a Misericórdia de Deus, o Arcebispo ressaltou a importância do ano jubilar, proclamado pelo Papa Francisco, que revela o ser misericordioso do Pai. “Toda nossa salvação começou por um ato de misericórdia de Deus. Se o coração de Deus não fosse misericordioso, não teria se voltado para nós. Primeiro porque Deus não precisa de nós, mas é próprio dEle ser misericordioso, pois assim ele manifesta quem Ele é”, disse Dom Murilo.
O arcebispo recordou ainda que uma das características do Cristão consiste em ter uma vida motivada pela piedade, pontuando que a experiência da APAC é uma obra de misericórdia. “Ser misericordioso para nós é um programa, e não uma opção ou um adjetivo que podemos colocar ou não em nossas vidas”, afirmou.
A apresentação da experiência das APAC’s é um dos primeiros passos na perspectiva de inserir a metodologia utilizada pela Associação no sistema prisional de Salvador. “É com muita alegria que vejo este esforço e perspectiva de uma APAC em nossa Arquidiocese, começando aqui, e quem sabe, se expandindo pela Bahia. Visitando os presídios que nós temos, vemos que o nosso sistema prisional não educa, nem recupera, ou ajuda as pessoas a descobrirem sua dignidade. Vejo esta perspectiva como uma nova luz em um mundo tão difícil”, concluiu o arcebispo.
A APAC
 
As unidades prisionais APAC são presídios diferenciados pela promoção da dignidade da pessoa. A proposta consiste na realização de um percurso de ressocialização de condenados.
Essas unidades são caracterizadas pela ausência da polícia e de armas dentro da estrutura penitenciária, contando com a presença de funcionários civis e voluntários da sociedade para realizar as atividades. Outro diferencial é o custo de manutenção, que segundo dados do Ministério Público, se mantém com um terço do recurso necessário para manter um presídio tradicional.
Texto e fotos: Felipe Fonseca