Foranias: instrumentos que geram comunhão e partilha

ArquidiocesePara que o trabalho pastoral seja mais bem desenvolvido e para que as comunidades paroquiais sejam acompanhadas ainda mais de perto, a Igreja conta com subdivisões, dentre elas as foranias. Cada uma delas tem como missão buscar as respostas para as questões sinalizadas pelas paróquias e, através dos vigários forâneos – grupo de padres que ajudam o bispo na ação pastoral de uma diocese -, discutir as questões no Conselho Presbiteral.

Na Arquidiocese de Salvador existem 110 paróquias, que estão subdivididas em 11 foranias, formadas por padres, responsáveis por pastorais e leigos. Na organização de cada forania, o bispo diocesano – no caso, o arcebispo Dom Murilo Krieger – elege um vigário e um vice-vigário forâneos, que representam aquele território, ou seja, a forania.

De acordo com o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, tudo o que for de interesse das paróquias que formam a Forania deve ser debatido e refletido por seus membros. “Além disso, há muitas iniciativas comuns, como cursos, encontros de formação, mutirão de confissões etc. Também as principais pastorais procuram fazer um trabalho em comum em sua Forania, tendo um responsável na própria Forania”, afirma.

Dom Murilo lembra, ainda, que os bispos estão sempre presentes nas atividades desenvolvidas pelas foranias. “Nós, bispos, dividimos as Foranias entre nós; assim, sempre que for possível, há a participação de um bispo nas reuniões. E quando isso não é possível, não há problema: cada forania tem uma dinâmica própria e seus assuntos serão levados para o Conselho Presbiteral, do qual participam todos os bispos”, diz.

Além do vigário e do vice forâneos, existem o secretário e um vice-secretário, responsáveis por registrar as reuniões em atas. É importante lembrar que os padres das paróquias que pertencem àquele grupo devem cooperar com o vigário forâneo, no sentido de possibilitar a boa condução dos trabalhos. O vigário forâneo não tem função administrativa e também deve acompanhar todos os padres daquela região.

Segundo o padre Ângelo Magno, que também é pároco de Sant’Ana (Rio Vermelho) e vigário forâneo da Forania 2, as reuniões acontecem mensalmente. “Fazemos uma reunião com os padres e diáconos, e depois acontece outra reunião envolvendo, também, os leigos engajados, atuantes nas paróquias. Muitas vezes tem havido uma necessidade de uma maior atuação de todo o corpo, uma participação maior”, afirma.

Além de abordar a vida pastoral da Igreja e os trabalhos das comunidades, as reuniões de foranias também têm uma preocupação com a formação. Na ocasião são estudados documentos da Igreja, além de serem pensados encontros que envolvam todas as comunidades que fazem parte delas.

De fato, as foranias são ferramentas importantes que possibilitam a comunhão e a participação de todas as paróquias dentro da Arquidiocese. Esta integração é fundamental para que todos se sintam parte de um único corpo. “A orientação é que os vigários forâneos atuem sempre ao lado dos bispos, cooperando e desenvolvendo as atividades que os bispos precisam que sejam realizadas naquelas comunidades. Os padres da região devem estar atentos para cooperar com os vigários e os leigos que participam das foranias devem colaborar para o bom andamento do trabalho pastoral.

Confira, na íntegra, a entrevista com Dom Murilo!

Portal Arquidiocesano (PA) – O que significa Forania?

Dom Murilo Krieger (DM) – Uma Forania é um grupo de paróquias próximas que se unem para, juntas, se ajudarem mutuamente e buscarem soluções adequadas para seus problemas e desafios pastorais.

PA – Como funcionam as Foranias da Arquidiocese de Salvador? Como elas são compostas?

DM – Cada Forania tem um Vigário Forâneo, que é o responsável por sua organização e pelas reuniões. Por ser Vigário Forâneo, ele representa a respectiva Forania no Conselho Presbiteral, levando para as reuniões os desafios que sua Forania enfrenta e levando, do Conselho Presbiteral para a sua Forania, as propostas e decisões que forem tomadas para toda a Arquidiocese.

Participam das reuniões das Foranias todos os sacerdotes que trabalham naquela determinada região e, também, os diáconos permanentes; há reuniões em que, além dos sacerdotes e diáconos permanentes, também leigos responsáveis por pastorais ou movimentos participam.

PA – Como é o acompanhamento do arcebispo e/ou dos bispos auxiliares às Foranias?

DM – Nós, bispos, dividimos as Foranias entre nós; assim, sempre que for possível, há a participação de um bispo nas reuniões. E quando isso não é possível, não há problema: cada Forania tem uma dinâmica própria e seus assuntos serão levados para o Conselho Presbiteral, do qual participam todos os bispos.

PA – Qual a orientação para o desenvolvimento do trabalho nas Foranias?

DM – O que se pretende é que tudo o que for de interesse das paróquias que formam a Forania seja debatido e refletido por seus membros. Além disso, há muitas iniciativas comuns, como cursos, encontros de formação, mutirão de confissões etc. Também as principais pastorais procuram fazer um trabalho em comum em sua Forania, tendo um responsável na própria Forania.

PA – Como o trabalho de Forania pode integrar/facilitar a ação pastoral?

DM – Normalmente, as atividades pastorais acontecem nas paróquias. Poucas são as atividades envolvendo toda a Arquidiocese. Por isso, quanto mais as paróquias próximas entre si puderem se unir em vista de, juntas, alcançarem os mesmos objetivos, melhor para cada uma. Há um menor desgaste de energias e um resultado mais eficaz.

PA – Por que a Arquidiocese optou por Foranias?

DM – O próprio Direito Canônico aconselha a divisão de uma Diocese em regiões, dando a elas o nome que for julgado mais conveniente: foranias, comarcas, regiões pastorais etc. O importante é o princípio da descentralização – isto é, o que puder ser resolvido por uma instância inferior, não seja levado para uma instância superior. Com isso ganha-se tempo e os resultados são melhores. Claro que as Foranias têm certa limitação, pois devem se adequar ao que for aprovado em reuniões ou assembleias diocesanas.