Marketing e Pastoral da Comunicação: uma combinação instigante

Pe. Tom Viana*

Estamos vivendo um tempo de mudanças de paradigmas e isso ocorre em âmbitos relacionais, tecnológicos e científicos. A palavra de ordem é mudar, ou adaptar, se preferirem. O marketing, antes tido mais como arte do que ciência, também sofreu essa transformação. Passamos de uma diretriz voltada basicamente para produzir e dirigir às vendas para outra vertente, destinada a orientar o consumidor. Assim, produzir e vender já não são mais ações tão importantes quanto satisfazer a clientela.

De lá para cá, tivemos uma multiplicação de termos referentes ao marketing: pessoal, digital, endomarketing, direto, social, entre outros. Em um mundo onde a técnica evolui muito rapidamente, o marketing também deve procurar conhecer todas as novas tecnologias para obter conhecimento mais apurado do consumidor. E o que dizer do desafio de evangelizar utilizando os diversos meios de comunicação? É possível conciliar mercado com a proposta do Reino?

Tempos atrás fui indagado por uma pessoa que, curiosa, me fazia a pergunta acima. Em seu universo, era quase impossível conciliar Evangelho e técnica, comunicação e produto. Então começamos a dialogar a partir do primeiro e grande mestre do marketing: Jesus. Hoje falamos de marketing pessoal, mas já naquela época ele foi o grande responsável por cativar, conduzir e orientar várias pessoas em direção ao seu movimento.

Era um líder nato: tinha carisma, inteligência, humildade, sabia trabalhar em equipe. Seu amor pelo Reino foi tão grande que deu a própria vida para nos salvar. Conhecia seus interlocutores, investigava o lugar onde estava. Comia, bebia e se alegrava com os mais simples e marginalizados. Oferecia seus “serviços” ressaltando as qualidades e benefícios que trariam. Falava de um “produto” que não tem preço: a Salvação.

E o que fazer diante de um público cada vez mais exigente a quem não basta tão somente vender, mas, estar engajado de forma legítima e com elementos autênticos e originais?

Segundo uma pesquisa intitulada “Os novos influenciadores” feita pela Provokers para a Google, 76% dos adolescentes não assistem mais TV por não atender às suas expectativas. Falta autenticidade e originalidade aos novos comunicadores. Nesse rompimento com o antigo, começa a se desenhar a construção de um diálogo com o jovem que será o consumidor de amanhã. E a internet passa a ser o grande canal dessa comunicação. De acordo com Spinola, um especialista dessa área: “Personalidade é personalidade, mas personalidade de internet é mídia e conteúdo”. Estamos diante das webcelebridades. Autenticidade e legitimidade são valores que o mercado hoje está utilizando com muita excelência. No entanto, o trunfo é ainda a proximidade. É o estar diante do outro e senti-lo “gente como a gente” algo que irá fazer com que nos sintamos mais próximos da realidade das pessoas.

É preciso lembrar também que o mestre Jesus já fazia isso com muita propriedade. A cura era sempre precedida pela aproximação, pelo olhar, contato físico e uma palavra poderosa.

Muitos anos se passaram, e ainda hoje, muitos acreditam na sua proposta. Nós, padres e irmãos Paulinos, acreditamos no desafio de humanizar as pessoas utilizando todas as técnicas que a cultura da comunicação nos oferece. O marketing é uma excelente ferramenta para fazer chegar a boa-nova a todas as pessoas. Oferecer o Evangelho de maneira criativa, atual, dinâmica e fiel às suas origens é o grande desafio. É hora de resgatar nossos valores humanos e cristãos a partir da proposta que liberta e anuncia uma sociedade mais justa.

E o marketing tem papel fundamental nesse sentido.

*Formado em Filosofia e Teologia, com especialização em Música Sacra, pós-graduação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhembi Morumbi – SP e mestrado em Direção e Gestão Comercial em Marketing por ESIC – URJC – Madri, Espanha.