Por Matheus e Crisley Galdino
O mundo do instantâneo: Mensagens, macarrões e relações instantâneas.
Na primeira semana de maio de 2016 o bloqueio em um aplicativo de troca de mensagens causou incômodo geral. Não há dúvidas da utilidade e importância da ferramenta e isso não se discute, mas as consequências do exagero em seu uso, a cada dia, deixam de ser um enigma. O tempo lendo “kkkkkk”, “rsrsrsr”, “uauaua”. O tempo dedicado à aparente fuga para um mundo virtual, mais simples, com mais amigos, de imagens mais felizes e de muitos emotions. Enquanto isso, no mundo real, estudos indicam a associação do excesso de tempo com tais mídias e a depressão.
E a nossa comida? Fast food é pouco! Melhor é que seja instantâneo. Não importa tanto o sabor (não é mesmo?!), os ingredientes, a qualidade, por que preciso é de tempo, justificarão todos… Novamente os estudos: uma sociedade menos saudável, mais obesa e mais doente.
E nossas relações? Quantos amigos você tem? Só vale aqueles reais que você pode contar para o que der e vier? Poucos? Quantos relacionamentos que você conhece que iriam ser “pra sempre” e acabaram em poucos meses? Por que: alguém achou que estava perdendo tempo.
Bem vindo ao mundo real. Não se escrevem cartas de amor ou amizade como antigamente, não se come uma boa macarronada como antigamente, os amigos e amores não duram como antigamente. Mudamos de época, diria o Documento de Aparecida.
O tornar-se cristão. A Mensagem, o Alimento e o Encontro.
Já disse Tertuliano (195-240) “cristão não se nasce, torna-se”. Sem dúvida estamos em uma época onde novos desafios e possibilidades se apresentam nesse “tornar-se cristão”. Mas a Mensagem, o Alimento e a Pessoa a encontrar permanecem os mesmos: JESUS.
Esta Mensagem não é instantânea, sequer é passageira, pois existia desde o princípio (Jo 1,1) se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14) e estará conosco até a consumação dos tempos (Mt 28,20).
Este Alimento também não é instantâneo ou passageiro, é definitivo e eterno (Jo 6, 35; 54).
E a relação com Jesus: é preciso um encontro verdadeiro que lhe permita um dia dizer não sou mais eu que vivo “é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
A espiritualidade: Uma mensagem em etapas, um “você é o que você come” e um “ide ao mundo, façam discípulos”.
O desafio da espiritualidade então é contrariar o mundo. Não bastam encontros divertidos: o mundo oferece muita diversão. Não bastam catequistas dinâmicos: outros grupos sociais também o são. Não bastam preocupações sociais: muitas ONGs também as têm. A nossa diferença está na espiritualidade da Mensagem, do Alimento e da Pessoa a encontrar: JESUS.
Diversão, dinâmicas, lutas sociais tudo isso é muito bem vindo, mas como diz a oração litúrgica “que usemos de tal modo os bens que passam, a fim de que possamos abraçar os que não passam”.
A Mensagem deve ser vivenciada em etapas e assim, aos poucos, permite-se um encontro verdadeiro, de modo celebrativo, em união com a liturgia e com a comunidade, numa espiritualidade sadia, não instantânea ou fugaz.
O Alimento é o que configurará o crismando/catecúmeno à pessoa de Jesus. Aqui se vive a máxima da nutrição “você é o que você come”. Apenas a leitura constante da Palavra de Deus e a presença real da eucaristia o tornará um cristão em definitivo.
O fim (como finalidade e como destino) é a relação do discípulo-missionário. Concluída a iniciação cristã, a espiritualidade cultivada impulsionará, naturalmente, o neófito a ir ao mundo (Mt 20, 19) e fazer novos discípulos. Como isso ocorre na prática? Isso será assunto de outras linhas.



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