Padre Antônio Niemiec – Para responder a essa pergunta vou me servir da reflexão do padre Estêvão Raschietti, missionário xaveriano, secretário executivo do Centro Cultural Missionário. Ele, recordando o conteúdo do Documento de Aparecida e os pronunciamentos do papa Francisco, lembra com muita propriedade que para poder evangelizar é preciso, antes de mais nada, se deslocar, sair, partir, ir às periferias.
A primeira exigência da missão é o envio. Mas esse envio não é apenas além-fronteiras: é muito mais profundo e envolvente.
Aparecida aponta para cinco envios – saídas estratégicas – que são também grandes desafios para a realização da missão: a saída das estruturas caducas que já não favorecem a transmissão da fé (cf. DAp 365; EG 26); a saída de si das pessoas, na capacidade de se deixarem tocar e interpelar pelas situações de pobreza, sofrimento, injustiça (cf. DAp 366, 538; EG 272); a saída de relações excessivamente hierárquicas e institucionais para uma prática de autêntica fraternidade (cf. DAp 368; EG 87,111); a saída de uma pastoral de mera manutenção para uma pastoral decididamente missionária (cf. DAp 370; EG 15); enfim, a saída das fronteiras como participação à dimensão universal da missão (cf. DAp 376; EG 181).
Trata-se, também, de passar de uma evangelização realizada com eventos esporádicos (ex. programas, jornadas, eventos, ações missionárias, missões populares, etc.) para uma Igreja em estado permanente de missão. Isso equivale a reconhecer a missão como vocação permanente da Igreja, e não apenas uma eventualidade, uma provisoriedade ou um estado passageiro (cf. EG 127). Uma mudança radical da própria identidade.


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