Confira o Evangelho do 3º Domingo do Advento (15 de dezembro) e a homilia preparada pelo padre Elísio Serpa Pereira, sacerdote do clero da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, com residência no Pontifício Colégio Pio Brasileiro (estudos de pós-graduação):
Evangelho (Lc 3,10-18)
— Aleluia, Aleluia, Aleluia.
— O Espírito do Senhor sobre mim fez a sua unção; enviou-me aos empobrecidos a fazer feliz proclamação!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 10 as multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?” 11 João respondia: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” 12 Foram também para o batismo cobradores de impostos, e perguntaram a João: “Mestre, que devemos fazer?” 13 João respondeu: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. 14 Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?” João respondia: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!” 15 O povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. 16 Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17 Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”. 18 E ainda de muitos outros modos, João anunciava ao povo a Boa-Nova.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
3º Domingo do Advento – Gaudete

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado e a nossa Mãe, Maria Santíssima.
Neste terceiro domingo do advento ou “domingo da alegria”, somos convidados a redescobrir a razão da nossa esperança, que nasce do encontro com o Senhor, que sempre toma a iniciativa e vem ao nosso encontro, nos sustenta e nos faz experimentar da sua doce misericórdia diante dos desafios e dificuldades da vida presente, como o Papa Francisco nos alertou na gaudete et exultate n. 125:
Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que “se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados”. É uma segurança interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos.
Em nossas comunidades outra vela “é acesa”, o caminho vai sendo iluminando, a coroa do advento ganha forma e brilho e nos indica o cumprimento da promessa, ao tempo que os nossos corações são aquecidos da chama do amor de Deus e, o convite à alegria, pela vinda do Senhor, ecoa forte para todos nós: “alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito alegrai-vos” (cf. Fl 4,4-7).
Na primeira leitura, escutamos atentos uma nova possibilidade que o Senhor nos concede, a oportunidade de recomeçar do seu amor, através do Profeta Sofonias que nos diz “[…] o Senhor revogou a sentença contra ti […]” (cf. Sf 3, 15). Nas palavras do profeta, o convite ao ânimo, à esperança, ao jubilo, é precedido pelo convite à alegria, alegria esta que nasce da consciência de quem foi alcançado pela misericórdia de Deus, “o Senhor teu Deus, está no meio de ti […]” (cf. Sf 3, 17); esta palavra enche o coração da comunidade de esperança, recorda que em meio aos desafios reais e concretos da vida, somos sustentados pela graça; por isso, não tenhamos vergonha de “cantar de alegria” as maravilhas que Deus faz.
Na segunda leitura, também o Apóstolo, cuida de alertar a comunidade mantendo no Senhor o olhar, o foco, a razão da esperança. Em determinadas situações das nossas vidas, também nós, sentimos o peso das turbulências e, não podemos esquecer que, também nas adversidades, temos uma oportunidade de testemunhar a beleza da vida em Deus cumprindo, com fidelidade, o pedido de São Paulo “que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens!” (cf. Fl 4, 5); um convite que pede de todos nós contínua conversão de vida, que será sempre nutrida e alimentada na oração e na relação pessoal com o Senhor, por isso, a motivadora a indicação do Apóstolo […] apresentai as vossas necessidades diante de Deus […]” (cf. Fl 4, 6)”.
A partir das leituras, que nos convidam à verdadeira alegria, testemunhando a vida do Senhor em nós, somos colocados diante das Palavras do Evangelho, quando escutamos a narrativa segundo São Lucas. O Evangelista apresenta São João Batista que tendo iniciado a sua pregação “preparando os caminhos do Senhor”, é, agora, interpelado pelas multidões e por diversos outros grupos – um sinal de que escutaram a urgência da conversão – e questionam: “Que devemos fazer?” (cf. Lc 3,10). A cada exame de consciência, esta deveria ser a nossa cotidiana pergunta, sobretudo, neste tempo de preparação interior, para acolher o Senhor que vem. O que eu preciso fazer?! Não se trata de um olhar egocêntrico, mas sim, de um reconhecimento que também eu preciso mudar, converter e reaprender a ser discípulo; à indagação das multidões é respondida pelo Batista com o convite ao testemunho, ao desapego, em síntese, à prática da caridade.
Todavia, às vésperas de “adorarmos o Senhor deitado na manjedoura”, outra grande indicação do Batista ganha eco especial “eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias […]” (cf. Lc 3, 16). São João Batista experimentou da verdadeira alegria reconhecendo o seu lugar de discípulo. Por isso, tudo o que fizermos, façamos pelo nome do Senhor, para a sua honra e glória, sem esquecermos jamais “nós somos apenas servos, fizemos o que devíamos fazer” (cf. Lc 17, 10), agindo deste modo, também nós, poderemos dizer, “a alegria do Senhor é a nossa força” (cf. Ne 8,10). Que a Virgem Maria, nos ensine a viver a verdadeira alegria da vida em Deus. Peçamos juntos: Vem Senhor Jesus, Amém!



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