Reflexão sobre o Evangelho do 33º Domingo do Tempo Comum, com o padre Ricardo Henrique

Confira o Evangelho do 33º Domingo do Tempo Comum (17 de novembro) e a homilia preparada pelo padre Ricardo Henrique Santana, formador da Etapa Propedêutica do Seminário Santa Teresinha do Menino Jesus, assistente eclesiástico e coordenador da Pastoral Arquidiocesana Vocacional:

Evangelho (Mc 13,24-32)

— Aleluia, Aleluia, Aleluia.

— É preciso vigiar e ficar de prontidão; em que dia o Senhor há de vir, não sabeis não!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 24 “Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, 25 as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. 26 Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra. 28 Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 29 Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. 32 Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Padre Ricardo Henrique, formador da etapa propedêutica do Seminário

Reflexão

A liturgia deste domingo nos convida a ler a história numa perspectiva de esperança, lembrando-nos de que a última palavra será sempre de Deus. A partir dessa certeza, somos chamados a enfrentar as circunstâncias da vida e o caminho que temos pela frente.

No Evangelho de hoje, narrado pelo evangelista Marcos, Jesus apresenta um discurso escatológico. Nas semanas anteriores, Ele nos falava do Reino de Deus, das perseguições e da oferta de vida. Agora, Jesus nos convida a perceber o Reino a partir dos sinais que se manifestam nos acontecimentos, evidenciando que Deus está sempre presente em nosso meio.

Escutamos no evangelho: “Naqueles dias, depois de uma grande tribulação ção, o sol vai escurecer, a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (MC 13,24-26). Essa passagem nos leva a refletir sobre uma realidade que ultrapassa nossa percepção humana, com uma linguagem apocalíptica que aponta para a manifestação de Cristo para o mundo.

Os discípulos, e nós também, somos chamados a ouvir atentamente a voz do Senhor e a guardar seus ensinamentos, vivendo-os no dia a dia, na experiência de fé. Jesus conhecia a profundidade de sua missão. Ele havia estado no Templo de Jerusalém, envolvido em ensinamentos, e, ao final do dia, se dirigiu à Betânia, junto aos discípulos. Do Monte das Oliveiras, contemplou Jerusalém, lembrando que o Templo seria destruído e que “não ficará pedra sobre pedra”. Em suas palavras enigmáticas, Jesus orienta os discípulos a aprofundarem sua fé e a caminhar sem se afastar da Palavra.

Destacamos, assim, a missão de Jesus, que agora é confiada à comunidade. Não será uma tarefa fácil: os discípulos enfrentarão dificuldades e perseguições, mas, com a certeza de que sempre vencerão. Por isso, devemos evidenciar três palavras importantes: fidelidade, coragem e vigilância. Nesse novo horizonte da missão, encontra-se o encontro definitivo dos discípulos com seu Senhor.

Jesus ensina: “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas” (Mc 13,28). Aqui, vemos que a esperança é apresentada como o caminho para aguardar a vinda do Senhor. Como cristãos, vivemos no tempo entre a ressurreição de Cristo e a realização definitiva do Reino de Deus. A esperança mantém viva a fé e a fidelidade aos ensinamentos de Cristo.

No Catecismo da Igreja Católica, no número 1818, afirma: “A virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens, purifica-as e ordena-as para o Reino dos céus; protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança da preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade”.

A partir dessa reflexão, podemos perceber como a palavra de Jesus no Evangelho de hoje, especialmente neste fim do ano litúrgico, nos leva a fortalecer três aspectos fundamentais que nascem da esperança: crer, esperar e amar. O “crer” é o primeiro passo para a construção da confiança em Deus, mesmo quando enfrentamos incertezas e desafios. O “esperar” é viver com a certeza de que as promessas de Deus se cumprirão, mesmo que ainda não se realizem. E, finalmente, o “amar” é o vértice dessa grande certeza, porque é o amor que concretiza e dá vida à fé e à esperança. O amor transforma a espera em algo fecundo e a fé em um testemunho vivo.

É importante ressaltar que a esperança não é apenas um sentimento, mas uma virtude ativa, que nos impulsiona a olhar para o futuro com confiança. Por meio da palavra de Jesus no Evangelho, podemos fazer desses três verbos — crer, esperar e amar — uma base sólida para o “ano da esperança”, pois sem eles, não podemos viver plenamente a vida cristã. Esses três verbos são os pilares que sustentam nossa caminhada de fé, pois são a essência de uma vida marcada pela confiança em Deus, que se concretiza na prática do amor e na esperança do Reino dos Céus.

Concluamos a reflexão com o refrão do salmo do dia: “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!”