Dentro da programação da 18ª edição da Semana de Mobilização Científica (SEMOC), alunos, professores e pesquisadores da Universidade Católica do Salvador (UCSal) participaram, na manhã de hoje (21), da mesa redonda “Tradições religiosas, Intolerância e a Cultura da Paz”. O evento aconteceu no auditório Dom Geraldo Majella, localizado na Cúria Bom Pastor (Garcia).
Conduzida pelo coordenador da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Inter-religioso, frei Jorge Rocha, a mesa contou com as presenças do bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Gilson Andrade da Silva, do Sheik Armad (Centro Islâmico da Bahia), Ana Rici (Centro de Estudos Budistas Bodisavata) e a yalorixá, Jaciara Ribeiro (Ylê Axé Abassa de Ogum).
Para Dom Gilson, o respeito não apenas às diversas manifestações religiosas, mas entre os seres humanos de um modo geral, é fundamental para a promoção de uma cultura de paz. “Penso que a temática abordada nos deve levar ao questionamento acerca das verdadeiras causas da violência que não só acompanha a intolerância religiosa, mas grassa no mundo secularizado também. Uma mesa como essa, no contexto da SEMOC, pode sugerir para nossas distintas tradições religiosas a pergunta sobre como cada uma delas pode contribuir para superar a intolerância, geradora de tanta violência em nosso meio, oferecendo elementos geradores de uma nova cultura, a cultura da paz?”, disse.
Dom Gilson lembrou, ainda, falas e escritos do Papa Francisco para a promoção da cultura da paz. Entre eles: ver cada homem e mulher como irmãos, estabelecer compromisso a favor do bem comum e não ter medo da própria identidade, daquilo que se é (perigo do relativismo). [Clique aqui e confira o discurso de Dom Gilson na íntegra]
Em seguida, a yalorixá Jaciara recordou a morte de mãe Gildásia dos Santos e Santos, fundadora do terreiro de candomblé Ylê Axé Abassa de Ogum, em Itapuã. Após sofrer inúmeras agressões por pertencer a religião de matriz africana, mãe Gilda sofreu um infarto fulminante e hoje é reconhecida como o símbolo da luta contra a intolerância religiosa. “Falando da cultura de paz, nós podemos lembrar de Dalai Lama, que dizia que não existe uma religião melhor do que a outra. A melhor religião é a que faz o ser humano melhor”, recordou.
“A mudança acontecerá com a motivação adequada. Tecnologicamente estamos bem, mas o mundo não está melhor. Somos iguais, somos humanos. O que muda é a forma de vestir. Esquecemos quem somos no nosso cotidiano e a academia não nos fala sobre os valores que nos fazem felizes, como gerar uma cultura que traga felicidade e paz”, afirmou Ana Rici, do Centro de Estudos Budistas.
Para finalizar o evento, o sheik Armad falou sobre o Islamismo e os problemas que envolvem a religião. “O nome Islã significa paz. Nós pedimos paz, queremos preservar a vida, a mente, a razão e proteger a religião. O objetivo do Islã é preservar a natureza, a paz e o respeito, fazendo a nossa parte para um mundo melhor”, afirmou.
Texto: Sara Gomes
Fotos: Patrícia Luz








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