Por Uelen Medeiros
“O anúncio do Evangelho começa sempre com a saudação de paz (Papa Francisco, EG. 229).
A Igreja do Brasil e do mundo está nos alertando para cuidados com a casa comum e a realidade social de cada povo. Somos chamados a ser o sinal da Igreja e do amor de Deus em todos os espaços. Precisamos encontrar meios de nos fazermos presentes tanto nos espaços eclesiais, quanto nos outros espaços como a nossa casa, a escola, as redes sociais, os espaços de controle social, conselhos de direitos, na política etc.
Sobre a política nacional, todos devem estar acompanhando e vendo as diversas discussões que são pautadas tanto na mídia, quanto nas redes sociais e nas conversas do cotidiano. Acredito e sugiro que se discuta isso em casa com a família, no seu grupo de jovens ou qualquer grupo que faça parte em nossa Igreja. É um tema de fundamental importância para nossas vidas. Não se pode deixar que a realidade siga seu curso sem a mínima intervenção das nossas ações enquanto cristãos, sem ao menos “nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (Papa Francisco, EG. 183).
A política também é assunto de interesse da nossa Igreja e do nosso povo. Desde sempre a Igreja esteve presente nesses assuntos, intervindo e apontando caminhos, com a devida cautela, ciente de que são os leigos os atores principais que enquanto cristãos podem colaborar para uma sociedade mais fraterna e solidária. A todo tempo estamos sendo convidados a ter atitudes em prol dos cidadãos. Há pouco tempo tivemos campanhas da fraternidade com temas como Igreja e Sociedade, Economia e Vida, agora sobre a Casa Comum. Vamos nos envolver!
Temos um grande potencial para colaborar na mudança e na formação intelectual do nosso povo. Temos uma grande produção de conhecimento e informação de qualidade em nosso espaço. Recentemente a CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] se pronunciou sobre a política nacional, pedindo “a todos que zelem pela paz em suas atividades e em seus pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e fraterno”. A partir do nosso potencial e com um caminho apontado por nossa Igreja devemos promover as discussões, buscando caminhos que visem o bem-comum e que esclareçam os fiéis sobre a realidade.
As notícias e os discursos têm apontado alguns pontos centrais, tal como o impeachment da presidente da República, a corrupção generalizada, preocupações com um golpe de estado etc. O mais importante caminho a seguir é conscientizar-se dessa realidade, atentando para garantia do estado democrático de direito, do nosso papel enquanto cidadão na manutenção da vida social e política e da formação dos nossos leigos/as, sobretudo a “dignidade da pessoa humana e o bem comum que estão por cima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios. Quando estes valores são afetados, é necessária uma voz profética” (Papa Francisco, EG. 218).
A juventude aparece como esta voz profética, não que nela esteja a salvação do mundo, mas na voz dos jovens aparece a denúncia sobre a corrupção, a denúncia do assassinato de tantos jovens em nossa cidade, a denúncia dos maus tratos à irmã terra, a denúncia da falta de atenção com os pobres e marginalizados. A juventude através dos grupos e movimentos pode ser o sinal do Evangelho, denunciando todas as injustiças e sendo o sinal do amor e da misericórdia de Deus.
Por fim, a mídia e as redes sociais estão produzindo grande número de informações, mas é preciso passar um filtro neste monte de notícias e opiniões. É fundamental que vejamos o que a nossa Igreja nos indica em suas publicações oficiais e buscar fazer leituras imparciais da mídia e das redes sociais; e assim sejamos sempre mediadores de conflitos, tendo como objetivo a paz, o cuidado com a terra e o bem-comum.
Para ver como podemos ser o sinal de Deus na transformação da nossa realidade sugiro que leiam A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium e a Encíclica sobre a Casa Comum do Santo Padre Francisco. E para assistir com o grupo de jovens ou com a família, a sugestão é o filme Anel de Tucum [disponível aqui].
*Jovem, universitário e católico. Pesquisa sobre mídia e violência, atua na comunicação do Setor Juventude da Arquidiocese e na articulação da Pastoral da Juventude (PJ) na Região Pastoral I da CNBB Regional Nordeste 3.



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