Os 309 anos da morte da Serva de Deus Vitória da Encarnação foram celebrados hoje, 19 de julho, na Igreja do Convento do Desterro, em Salvador – local onde a religiosa viveu e morreu com fama de santidade. A Santa Missa foi presidida pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha.
Durante a homilia, Dom Sergio destacou as virtudes heroicas da Serva de Deus. “Ela, em vista da sua vocação e missão de vida consagrada, dedicava tempo especial à oração, meditação e contemplação. Nós devemos imitá-la. Em um mundo marcado por tantos desafios, é importante encontrarmos tempo para a oração. Quem vai crescendo na devoção a esta Serva de Deus sente o chamado para ainda mais vivenciar a oração de vida pessoal e em comunidade”, disse Dom Sergio.
O Cardeal falou, ainda, sobre a penitência e a humildade na vida cotidiana da Serva de Deus, e junto a estas virtudes estava a caridade. “Não há santo que tenha vivido sem a caridade. Jesus quer de nós, hoje, a misericórdia. Não basta o puro cumprimento das leis: se faltar a caridade, se faltar a misericórdia, nós não estaremos cumprindo a própria lei. Madre Vitória viveu a caridade, primeiramente entre as Irmãs, mas sobretudo com os pobres. Segundo os relatos da vida dela, ela chegava a fazer renúncias em favor daqueles que mais sofriam; ela deixava de comer para que eles pudessem comer; ela renunciava a própria cama para que escravos pudessem ali dormir”, disse o Cardeal, reforçando que a religiosa “é um exemplo de caridade”.
Antes da bênção final, o professor Thiago Felipe, que faz parte da Comissão Histórica e acompanha de perto os passos no processo falou, a pedido do frei Jociel Gomes, postulador da causa de canonização. “A causa se encontra em encerramento da Fase Diocesana, então já vamos ter uma data próxima para finalizar a parte de documentação. Tivemos dificuldade com documentação histórica, mas conseguimos provas que, de fato, a madre Vitória existiu, bem como relatos de graças alcançadas por intercessão dela. Nessa fase nós também ouvimos testemunhas, pessoas que atestam a fama de santidade dela”, disse.
Após a bênção final, o Cardeal e os fiéis que estavam presentes na Missa se dirigiram até o túmulo onde estão os restos mortais da religiosa e rezaram pela beatificação e canonização desta Serva de Deus.
Nascida em Salvador no dia 6 de março de 1661, Vitória Bixarxe Nabo Correia era filha do capitão de Infantaria, Bartolomeu Nabo Correia e de Luísa Bixarxe. Admitida, aos 25 anos, na clausura das monjas clarissas – primeiro convento feminino do Brasil, fundado em 1677 – viveu de modo profundo e marcante as virtudes da pobreza, humildade, amor a Deus e ao próximo. “O testemunho da madre Vitória da Encarnação serve de estímulo e exemplo para que todo o povo de Deus seja santo, e quem recebe uma vocação, como recebeu a madre Vitória, à vida consagrada é chamado hoje a ser sinal, a ser testemunho para todos nós. E nessa Eucaristia nós louvamos a Deus por esta Serva de Deus, mas também por vocês, irmãos e irmãs, que são sinais no meio de nós, para que nós possamos também ser santos”, afirmou.
Fotos: Sara Gomes